Muitas mulheres esculpidas, pintadas e fotografadas com seios naturais adornaram a história da arte.
No entanto, até recentemente, haviam poucos dados objetivos na cirurgia plástica para definir um modelo esteticamente agradável para o formato e proporção da mama.
Uma parte essencial da cirurgia estética é uma compreensão desses ideais.
Tais diretrizes permitem interpretação, manipulação e modificação para fornecer um resultado adequado.
Nossas reações à beleza e à estética se construíram desde o período pré-histórico, frente às pressões adaptativas da seleção natural na espécie humana.
Nessa evolução, por exemplo, a proporção áurea de Phi foi idealizado por estar contida em formas geralmente bonitas. Quando ela foi primeiramente descrita ou aplicada, desconhece-se.
Os filósofos e matemáticos gregos Platão, Aristóteles, Pitágoras e Euclides a estudaram e observaram que criações que a respeitassem demonstravam harmonia e beleza.
Os egípcios utilizaram a proporção Phi na construção das pirâmides. O escultor grego Phidias utilizou-a no Parthenon.
Phi também foi descrita por Leonardo de Pisa (Fibonacci), que a referiu na sua sequência matemática. Leonardo da Vinci chamou-a de proporção áurea e a usou para a obra do Homem Vitruviano.
Assim, no início do século XX, em homenagem a este último, ela foi chamada Phi pelo matemático americano Mark Barr.
Já falei sobre essa proporção e sua aplicação na face na matéria Máscara de Phi – A fórmula do rosto perfeito, se quiser relembrar, clique no link.
Buscando o formato ideal da mama
Falando especificamente sobre o formato das mamas, embora muito tenha sido escrito, não foram estabelecidas definições precisas de beleza.
O “triângulo de Penn”, como outro exemplo, descreve um triângulo equilátero baseado na distância supraesternal e dos mamilos, observado em um grupo selecionado de mulheres com seios atraentes.
Contudo, nenhum desses parâmetros define a forma ou quaisquer outros componentes chave que possam ser responsáveis pela atratividade.
Existem algumas medidas básicas, consideradas em procedimentos estéticos, avaliadas e demarcadas durante o planejamento cirúrgico.
Porém, sempre enfatizo que esses parâmetros devem ser individualizados para cada paciente e adequados ao seu perfil (como qualidade da pele, tamanho e formato do tórax, quantidade de gordura e volume das mamas):
- Distância fúrcula-mamilo: geralmente entre 19-21cm. Medidas maiores podem estar associadas à ptose mamária. Já fiz um texto explicativo sobre ptose;
- Distância mamilo-sulco inframário: entre 5-7cm;
- Distância mamilo-linha média do tórax: corresponde à lateralização da mama. É considerado entre 9-12cm;
- Espaço intermamário (distância entre as mamas): 1,5-2cm (distâncias menores correspondem à simastia);
- Limite lateral da mama: deve coincidir com a linha axilar anterior;
- Limite medial da mama: geralmente coincidente com o lateral do esterno (osso do tórax);
- Altura da mama: seu pólo superior inicia-se na 2a costela (2o espaço intercostal);
- Diâmetro da aréola: deve ser proporcional ao tamanho total da mama mas, em média, 4cm.
Apesar desses parâmetros amplamente reconhecidos por cirurgiões plásticos, poucos estudos atuais abrangem as definições precisas de beleza.
A mamoplastia de aumento com implante de silicone é uma das cirurgias mais realizadas no mundo. Há, na crença popular geral, a noção de que um pólo mamário superior muito preenchido é desejável.
Em um trabalho científico realizado em 2015, por Patrick Mallucci e Olivier Alexandre Branford, publicado no periódico Clinics Plastic Surgery, foram identificados alguns ideais estéticos da mama.
Ele foi dividido em 2 análises: uma observacional com 100 modelos com seios naturais, e uma populacional com 1315 participantes.
O que o estudo concluiu?
O trabalho de Mallucci refutou a noção de que a plenitude do polo superior é desejável no seio nu. Ele concluiu que as mamas consideradas mais bonitas pela população foram as que possuíam:
- Uma proporção de pólo superior : pólo inferior (S:I) de 45:55, ou seja, um pólo inferior discretamente mais volumoso;
- Um ângulo médio de orientação do mamilo de 20 graus para cima;
- Pólo superior reto um com convexidade discreta;
- Pólo inferior convexo.
A plenitude do polo superior costuma ser uma aparência desejada nas roupas, e é importante fazer essa distinção para poder orientar e aconselhar melhor os pacientes sobre os resultados desejados.
Portanto, o estudo comprovou que o formato ideal da mama é o mais próximo à mama jovem e natural, de acordo com a população estudada.
Porém, como sempre digo, não acredito em fórmulas fixas para parâmetros de beleza.
Esta, envolve tantas variáveis e particularidades, que não podem ser medidas e padronizadas. As opiniões e gostos são distintos, variando amplamente entre indivíduos, populações e culturas diferentes.
Por esse motivo, o resultado e expectativas devem ser amplamente discutidos com seu cirurgião plástico durante o seu planejamento cirúrgico.
Sempre digo e repito:
Acredito que o mais importante é sempre o conjunto da obra, e a frase: a beleza está nos olhos de quem vê, apesar de clichê, é verdade absoluta.
Um conceito tão pessoal, individualmente é muito mais profundo do que qualquer fórmula matemática.
E você, qual é o formato ideal da mama na sua opinião?
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Fontes:
- Bozola AR, Longato FM, Bozola AP. Análise geométrica da forma da beleza da mama e da formação de prótese baseado na proporção Phi: aplicação prática. Rev. Bras. Cir. Plást. (Impr.) vol.26 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2011;
- Mallucci P, Branford OA. Shapes, proportions, and variations in breasts aesthetic ideals. The Definition of Breast Beauty, Analysis, and Surgical Practice. Clin Plastic Surg 42 (2015) 451–464;
- Penn J. Breast Reduction. Br J Plast Surg. 1955 Jan;7(4):357-71;
- https://www.cirugiasdelamama.com/analisis-estetico.