Dra. Marcela Scarpa – Cirurgiã Plástica

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Por Que Devo Parar De Fumar Antes De Uma Cirurgia Plástica?

Imagens da internet

Antes de qualquer procedimento eletivo (agendado), uma das recomendações é que cesse o tabagismo. Essa recomendação é especialmente importante em uma cirurgia estética. Você sabe o por quê?

Primeiro, um fato importante: a Organização Mundial da Saúde estima que o tabaco mate mais de 8 milhões de pessoas por ano. Dessas, mais de 7 milhões resultam do seu uso direto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao tabagismo passivo.

Referente a cirurgia, as causas de complicações pelo cigarro são multifatoriais:

1) Dano Vascular

A nicotina e as toxinas presentes no cigarro promovem danos diretos aos vasos capilares, obstruindo a circulação corporal de extremidades (periférica).

Essa obstrução da circulação e diminuição do calibre dos vasos desequilibra o sistema de coagulação.

Além disso, radicais livres da fumaça do cigarro alteram a forma dos diversos tipos de colesterol (principalmente os ruins, LDL e VLDL), aumentando a chance deles se depositarem na parede dos vasos em forma de placas de gordura. Associado a isso, as toxinas aumentam a inflamação do organismo de modo geral, inclusive dessas placas de gordura dos vasos sanguíneos, elevando o risco de obstrução.

Já a nicotina, aumenta a liberação de substâncias (catecolaminas) que aumentam a chance de hipertensão arterial. A hipertensão arteirial também promove lesão vascular indireta.

Todos esses fatores (individualmente e associados) aumentam consideravelmente o risco de trombose.

2) Dano pulmonar

Fumantes apresentam maior risco de infecção respiratória e comumente também apresentam tosse crônica. A força realizada durante a expiração abrupta na tosse, pode promover uma tensão na região operada, com predisposição a abertura de pontos (deiscência).

O mecanismo da tosse também aumenta a pressão arterial temporariamente, podendo resultar em hematomas e sangramentos.

Além disso, fumantes inveterados apresentam danos pulmonares crônicos, com consequente aporte menor de oxigênio para o organismo. Essa fator, por si só, não pode ser revertido em um período curto de parada do tabagismo, e deve ser levado em conta durante a decisão cirúrgica.

3) Prejuízo no processo de cicatrização

O monóxido de carbono (CO) inspirado tem alta afinidade pela hemoglobina (que carrega o oxigênio no organismo), formando a carboxihemoglobina . Essa ligação dificulta a oxigenação dos órgãos, incluindo a pele. Esse fator, associado ao dano vascular citado acima, impede que tenha nutrição adequada da ferida operatória, dificultando a formação do colágeno (fundamental na cicatrização) e prejudicando o fechamento da lesão.

O que isso quer dizer?

Esses fatores isoladamente, resultam em prejuízo no transporte de oxigênio e nutrientes pelo sangue. Associados, esses danos acumulam-se e, suas consequências, em um pós operatório, podem ser catastróficas.

Na prática, o processo se traduz em um aumento considerável dos riscos de:

  1. necrose: morte tecidual de extensão variável, principalmente em cirurgias que requerem descolamento de pele, como lipoabdominoplastia, rinoplastia, lifting facial, blefaroplastia.
  2. embolia pulmonar, com riscos à vida
  3. tromboses
  4. deiscência de feridas (abertura de pontos) e dificuldade de cicatrização
  5. acúmulo de líquido (seroma, hematoma)
  6. prejuízo do resultado estético tardio

Quando parar de fumar?

O período de interrupção do tabagismo depende do porte cirúrgico e pode variar de 1 a 6 meses. Porém, esse período ideal ainda é motivo de estudos e não há um consenso absoluto atual.

A decisão cirúrgica é conjunta, do paciente com seu cirurgião. Informações omitidas em uma consulta pré-operatória podem trazer consequências de difícil manejo e, algumas vezes, irreversíveis. De qualquer forma, a cirurgia pode ser um estímulo a mais para deixar o vício de lado definitivamente. Inclusive, há estudos que comprovam que o preparo para a cirurgia pode influenciar nessa eliminação definitiva do mau hábito (já falei sobre isso em um post anterior, se quiser relembrar, clique aqui).

Já falei também sobre os efeitos do cigarro no envelhecimento, se quiser relembrar acesse o post: Fumar cigarro faz mal para a pele.

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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