Um estudo realizado pelo cirurgião plástico William J. Binder, e publicado no periódico científico Facial Plastic Surgery and Aesthetic Medicine, em 2006, comprovou que o uso prolongado da toxina botulínica pode ser extremamente benéfico para o rejuvenescimento da pele.
Essa pesquisa, produzida pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), comparou o uso da toxina, no decorrer de 13 anos, em duas irmãs gêmeas idênticas. Uma delas fazia uso do tratamento regularmente, já a outra fez um tratamento mínimo. E o resultado foi surpreendente.
É sabido que as rugas dinâmicas, como as linhas frontais horizontais (da testa), as linhas glabelares e os pés de galinha, derivam da contração de determinados músculos. Quando inibimos a contração desses músculos, através do uso da toxina botulínica, temos uma melhora significativa dessas linhas faciais. O uso da toxina botulínica para tratamentos como estes tem duração de 3 a 6 meses e, quando repetido, há uma progressiva e mais longa melhora na sua ação (para relembrar um blog anterior, mais detalhado sobre esse assunto, clique AQUI).
Esse estudo, que comparou a ação da toxina botulínica em gêmeas idênticas por longos anos, foi uma inovação no meio, já que a maioria dos trabalhos limitam-se a avaliar a eficácia da toxina em apenas 1 ano.
Metodologia
Na análise, uma das gêmeas recebeu a toxina na testa (região frontal) e na região glabelar por aproximadamente 2 a 3 vezes no ano, durante os últimos 13 anos. E nos últimos 2 anos, também recebeu a aplicação na região dos pés de galinha.
Já outra irmã recebeu apenas 2 tratamentos, na fronte e na região glabelar, sendo um deles aplicado há 7 anos e o segundo há 3 anos.
Resultados
Através da comparação das suas fotografias, foi possível perceber que as linhas de expressão frontais e na região glabelar são imperceptíveis na gêmea que recebeu um maior número de tratamento.
Não houve diferença entre elas quanto a análise dos pés de galinha em repouso (análise estática). Porém, quando as gêmeas sorriem, há uma diferença significativa entre a que recebeu o tratamento e a que não recebeu (análise dinâmica).
Os sinais de envelhecimento foram similares nas áreas que não receberam aplicação da toxina.
Conclusão
Já são de conhecimento popular os benefícios da toxina botulínica em relação ao rejuvenescimento da pele e seu papel na atenuação de rugas e linhas de expressão. Porém, com esse estudo, foi possível comprovar que o seu uso prolongado pode, além de tratar sinais já existentes, prevenir o surgimento de novas rugas, retardando o envelhecimento facial.
Além disso, também já foi comprovado em literaturas anteriores, que aplicações repetidas, em intervalos regulares, podem aumentar as taxas de resposta à toxina botulínica, prolongar sua ação e diminuir os efeitos adversos, quando comparados a aplicações únicas.
Meus pacientes sabem que eu sempre indico a toxina como parte de um tratamento prolongado para retardar o envelhecimento facial, e não somente como melhora temporária durante sua ação. Aí está o motivo!
Já fiz alguns textos sobre a toxina, se quiser relembrar:
- Qual a diferença entre toxina botulínica e preenchimento facial?
- Quando não aplicar toxina botulínica?
- Perguntas e respostas sobre toxina botulínica
Referência:
MD, William J. Binder. Long-Term Effects of Botulinum Toxin Type A (Botox) on Facial Lines: A Comparison in Identical Twins. In: Arch Facial Plast Surg. vol.8. p. 426-431. nov/dec 2006.