Essa é uma pergunta frequente no consultório: não quero ser uma vovó com prótese. Devo, então, colocar agora?
A mamoplastia de aumento é a cirurgia estética mais realizada no mundo. Porém, a preocupação com um explante futuro é cada vez mais frequente durante a decisão cirúrgica.
A retirada da prótese sempre é possível, a dúvida é sobre o resultado final após o procedimento.
Do que depende o resultado após o explante?
O resultado e cirurgia proposta dependem de alguns fatores e, basicamente, estão diretamente relacionados à flacidez de pele e da relação do tamanho do implante / tecido mamário residual existente.
Durante sua vida, a mulher passa por diversas fases hormonais e outras decorrentes do próprio envelhecimento normal. Consequentemente, o corpo passa por diversas mudanças: alterações hormonais (gestações, menopausa, tratamentos medicamentosos), oscilações de peso e outros efeitos do envelhecimento natural que resultam em alterações na constituição corporal.
O desenvolvimento da mama envolve diversos fatores locais, relacionados à própria glândula, e fatores externos e pessoais, como dieta, etnia, ambiente, entre outros. Em geral, seu amadurecimento completa-se após a primeira gestação e sua involução, normal do envelhecimento feminino, inicia-se tão precoce quanto 30-35 anos. Nesse processo de involução, ocorre uma atrofia natural da glândula, com lipossubstituição (depósito de gordura). Essa gordura, menos densa e menos firme, associa-se à flacidez de pele gradual, promovendo um descenso das estruturas, resultando na ptose mamária. Alguns fatores, como gestação tardia, reposição hormonal, entre outros, atrasam esse processo.
Além disso, a técnica da mamoplastia realizada previamente também interfere no resultado final pós explante (plano de colocação da prótese, quantidade de retirada de tecido, entre outros).
É fácil perceber que as variantes são inúmeras e uma projeção de resultado a longo prazo, extremamente difícil.
De modo geral, mamoplastias de aumento simples, com boa elasticidade de pele, são passíveis de lipoenxertia após a retirada do implante, para melhora do contorno corporal. É importante salientar que a lipoenxertia nunca fornece os mesmos resultados estéticos, em volume e projeção, do que a prótese de silicone.
Em mamoplastias prévias com flacidez cutânea resultante, há duas situações possíveis:
- volume mamário (glândula + gordura) suficiente: o explante associado à mastopexia, em tempo único pode ser realizado, com um bom resultado estético final.
- conteúdo mamário muito atrófico ou insuficiente: o volume final pós cirurgia será pequeno. Em alguns casos é possível o preenchimento com gordura no mesmo tempo da retirada da prótese. Porém, essa lipoenxertia pode ser insuficiente ou não factível durante essa cirurgia de explante. Nesses casos, a mama resultante será pequena, proporcional ao volume mamário existente e a opção por procedimentos associados fica a critério da paciente, de acordo com a sua satisfação pós operatória.
Assim, a minha recomendação para as minhas pacientes é que, caso a resistência ao implante de silicone seja somente o planejamento cirúrgico futuro, que não se preocupem ou antevejam precipitadamente o resultado. Além das características e variações mamárias serem amplas, expectativas estéticas e objetivos também mudam ao decorrer dos anos. Em casos bem indicados, fugindo de modismos (claro), uma expectativa com um futuro relativamente distante não deve interferir em uma queixa atual. Uma preocupação estética presente pode não ser relevante em uma outra fase da vida.
Fonte: Xavier NL. A evolução e a involução mamária. Rev. bras. mastologia;7(1):35-41, mar. 1997.