Dra. Marcela Scarpa

Células de gordura não diminuem na vida adulta

Células de Gordura Não Diminuem Na Vida Adulta

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Você sabia que o número de células de gordura não diminui nos adultos?

Se você já teve qualquer problema com sobrepeso durante a vida, deve ter ouvido de alguém mais velho que emagrecer antes da vida adulta pode ser mais fácil.

Se isso aconteceu com você, saiba que esse “ditado popular” não está completamente errado.

Por que é difícil permanecer magro?

Os fatores que determinam a massa gorda em humanos adultos não são totalmente compreendidos, mas acredita-se que o aumento do armazenamento lipídico nas células adiposas já desenvolvidas seja o mais importante.

O número de adipócitos é um dos principais determinantes da massa gorda em adultos.

Para estabelecer a dinâmica na população estável de adipócitos, uma pesquisa publicada na revista Nature de maio de 2008 mediu a rotatividade de adipócitos.

O estudo, liderado por Kirsty Spalding, do Instituto Karolinska, de Estocolmo, descobriu que os dois principais fatores determinantes da obesidade são o número de células adiposas e sua massa individual.

Depois de estudar células procedentes de lipoaspirações e de reconstruções abdominais, os cientistas concluíram que, depois da infância, o número de células de gordura permanece constante. Todos os anos, ocorre uma renovação de 10% dessas células.

Nem a morte de adipócitos, nem a taxa de geração são alteradas, sugerindo uma regulação rígida do número de células de gordura durante a vida adulta, explicou Peter Arner, coautor do estudo.

“As novas células que armazenam gordura durante e depois da perda de peso ficam cheias de lipídeos mais rapidamente”, afirma Arner, sublinhando que isso explica, “ao menos parcialmente, porque é tão difícil manter o peso alcançado depois de emagrecer”.

Os pesquisadores constataram também que essas células começam a desenvolver-se mais cedo nos obesos (desde os dois anos de idade) do que nas pessoas com um peso normal (desde os cinco ou seis anos).

Também observaram como o aumento de peso é duas vezes mais rápido nos obesos, embora estabilize mais cedo: em média, aos 16 anos e meio contra 18 anos no caso de jovens com peso normal.

O estudo confirma as estatísticas que demonstram que a maior parte dos adultos obesos já o eram na infância. Só 10% das crianças com peso normal convertem-se em obesos. Mais de 75% das crianças obesas conservam esta condição ao atingirem a idade adulta.

Além do seu papel no armazenamento de gordura, os adipócitos secretam proteínas e hormônios que afetam o metabolismo energético.

Assim, é provável que a redução de seu tamanho provoque a liberação de mediadores capazes de aumentar o apetite e facilitar a lipogênese.

Influência da gordura na saúde geral

A gordura não é distribuída pelo corpo de maneira uniforme.

Nos adultos, tende a acumular-se na região do quadril e das coxas, dando à silhueta a forma de pera (mais frequente nas mulheres) ou ao redor da cintura (forma de maçã, mais comum nos homens).

O acúmulo na cintura é o mais prejudicial à saúde, porque está associado também ao depósitos localizados entre as vísceras (gordura visceral).

Essa condição eleva o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, refluxoapneia do sono, dentre outras patologias.

Esse acúmulo localizado ocorre por fatores genéticos, pela perda da capacidade de formar adipócitos saudáveis nos depósitos subcutâneos de gordura ou pela dificuldade de orientar sua deposição de forma homogênea.

A extração cirúrgica da gordura visceral não melhora o estado metabólico do indivíduo. Esse objetivo pode alcançado através da dieta e da atividade física.

Os exercícios ajudam pois aumentam a capacidade do tecido em queimar calorias.

Pelo menos em parte, essa função é mediada por um hormônio descoberto em 2012, a irisina, que, apesar de estar presente em sedentários, encontra-se em concentrações bem mais altas naqueles que se exercitam.

A irisina, produzida durante as contrações musculares, cai na circulação sanguínea e se distribui pelos diversos tecidos, dentre os quais o adiposo.

Nele, inicia uma série de processos bioquímicos que transformam gordura branca em gordura marrom, metabolicamente mais ativa, capaz de aumentar o gasto energético.

A cor marrom se deve à presença no interior de suas células com grande número de mitocôndrias, as organelas intracelulares responsáveis pela produção de energia.

Encontrada em maiores quantidades na infância, a produção de gordura marrom decresce com a idade; sobra pouco dela na vida adulta, localizada na parte superior do tronco e no pescoço.

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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