A constante evolução da beleza tem proporcionado um crescimento na busca por procedimentos estéticos cirúrgicos.
Ter um corpo torneado ou um rosto harmônico pode ser considerado um caminho para a felicidade para algumas pessoas.
A maioria dos pacientes que se submetem a cirurgias estéticas afirma que o principal objetivo para realizar o procedimento é sentir-se confortável com sua própria aparência e, consequentemente, sentir-se mais feliz.
A mídia exerce grande influência sobre como esses novos padrões de beleza são percebidos pela sociedade. Afinal, as tendências estão a todo vapor no feed do Instagram e nas manchetes de portais de notícias. Já falei sobre isso nos artigos:
- Redes Sociais: Uma nova perspectiva sobre nós mesmos e os procedimentos estéticos
- O nariz de Meghan é solicitado nos consultórios
- Fotógrafo faz montagens chocantes usando mulheres reais com partes de fotos do corpo de modelos perfeitos
Esse ritmo de novas tendências, notícias e reações praticamente instantâneas gera um novo movimento de motivação que atinge milhares de pessoas. Com isso, a demanda por produtos e procedimentos que possibilitem alcançar esses mesmos resultados também cresce.
Os outros extremos de perfis de pacientes também são comuns: aqueles se são contrários à realização de procedimentos cirúrgicos de motivação puramente estética e os que possuem hipervalorizações desproporcionais às suas queixas. Cabe aos profissionais responsáveis identificar motivações extremas ou desordens psicológicas que possam atrapalhar o sucesso da cirurgia ou a satisfação do paciente.
Um exemplo é o da Dismorfia Corporal. Explico detalhadamente sobre esse distúrbio psicológico no artigo:
Dismorfia Corporal: Um alerta para a Cirurgia Plástica?
Porém, quando bem indicadas, as intervenções cirúrgicas podem trazer grandes benefícios, refletindo, inclusive, nos hábitos sociais e contribuindo para o sentimento de realização individual.
O estudo da felicidade em cirurgias plásticas
É o que mostra um estudo de longa data realizado pelo Professor Dr. Jürgen Margraf, docente de Psicologia Clínica e Psicoterapia do RUB e divulgado pelo jornal Clinical Psychological Science, em 2013.
Os pesquisadores entrevistaram 544 pacientes antes e depois da realização da sua primeira cirurgia estética. Os resultados foram comparados aos de outros dois grupos:
Grupo 1 – composto por 264 pessoas que desistiram de seus procedimentos
Grupo 2 – composto por 1000 pessoas que nunca demonstraram interesse em uma intervenção estética.
A longo prazo, os resultados psicológicos demonstraram que os pacientes que realizaram a cirurgia estavam satisfeitos e acreditavam terem atingido seus objetivos. Quando comparados com aqueles que optaram por não realizar uma cirurgia estética, eles se sentiam mais saudáveis, menos ansiosos, com autoestima elevada e com a aparência geral mais atraente.
Os pesquisadores concluíram então que a realização dos procedimentos cirúrgicos não proporcionou apenas bons resultados físicos aos pacientes, mas também benefícios psicológicos.
Além disso, identificou-se também que os pacientes mais jovens e com melhores posições sociais apresentaram um desejo maior de melhorar a aparência através da cirurgia plástica (destes, 87% era do sexo feminino). De maneira geral, não houve diferenças significativas entre os grupos em termos como saúde mental, satisfação pessoal e depressão, por exemplo.
Os pacientes buscam satisfação
O estudo foi realizado a partir da metodologia “Goal Attainment Scalling”, ou Escala de Objetivos, em tradução livre. Esse método possibilitou que os pesquisadores soubessem como os pacientes se sentiam e imaginavam suas vidas em relação aos resultados da cirurgia plástica.
Com isso, o estudo ajudou a desmitificar a concepção de que todos os pacientes desejavam resultados ilusórios. De acordo com os dados, apenas 12% dos participantes tinham objetivos impossíveis de serem alcançados, como: “Após a cirurgia todos os meus problemas estarão resolvidos” ou “Eu serei uma pessoa completamente nova”.
A maioria dos pacientes definiram seus objetivos em: sentir-se melhor consigo mesmo, eliminar “defeitos” ou elevar a autoconfiança.
Dessa forma, podemos concluir que a realização de uma cirurgia plástica envolve fatores muito maiores do que apenas uma melhoria física.
A auto percepção sobre o corpo e seus “defeitos” pode influenciar na maneira como o paciente se enxerga e impactar negativamente sua autoestima. Corrigir imperfeições que o incomodam podem, portanto, estimular a autoconfiança pessoal e fazer com que a pessoa sinta-se psicologicamente apta a enfrentar todos os aspectos de sua vida.
Referência:
SCIENCE DAILY. Why people put themselves under the knife: Plastic Surgery Makes People Happy. 2013