Dra. Marcela Scarpa

Tatuagem-Apos-Uma-Cirurgia-Plastica

Tudo Sobre Tatuagem Após Uma Cirurgia Plástica

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Quanto tempo após a cirurgia plástica posso fazer uma tatuagem sobre a cicatriz?

Após uma cirurgia estética, alguns pacientes desejam realizar uma tatuagem para esconder a cicatriz.

Antes de discutirmos sobre o tempo ideal para sua realização, precisamos discutir alguns aspectos da cicatrização.

Após uma ferida na pele, o processo de reparo passa por três fases, até sua maturação final. Não entrarei em detalhes sobre todas as fases, pois os termos são extremamente técnicos e não interessam no momento. Porém, é importante salientar que a cicatriz atinge seu resultado final com aproximadamente um ano de cirurgia.

O que isso quer dizer?

Alguns pacientes queixam-se da cicatriz avermelhada nos primeiros meses após a cirurgia. Se esse é o motivo da busca de uma camuflagem local, é importante salientar que, com o término do processo de cicatrização, a grande maioria tornar-se-á clara, quase imperceptível. Mais de 90% dos pacientes não se queixam do aspecto da cicatriz após sua evolução e maturação final (Fig. 2).

Mas, se mesmo com essa informação o desejo permanece, vamos ao momento certo de realizar a tatuagem

A tatuagem é realizada pela aplicação de um pigmento na derme (segunda camada da pele em profundidade). A tinta fica restrita e estável nessa região, visto que são compostas por partículas grandes, que não podem ser eliminadas pelas células do organismo. Caso sejam depositadas mais superficialmente, acabam perdidas pela descamação natural da pele.

Após a realização desse procedimento, o corpo recruta diversos fatores de cicatrização, promovendo também um processo inflamatório local.

Durante o período de recuperação da cirurgia, uma tatuagem pode comprometer os dois processos de cicatrização.

Como expliquei acima, a cicatriz de uma cirurgia demora aproximadamente 1 ano para atingir sua fase final de maturação . Então, não fica difícil compreender que somente após esse período é recomendado um novo processo inflamatório e nova “agressão” sobre a região, certo?

Passando essa fase, o risco de um novo procedimento trazer problemas à cirurgia é reduzido.

Outro ponto é referente à absorção do pigmento em regiões cicatriciais. Cicatrizes não possuem as camadas da pele organizadas e bem estabelecidas como na pele íntegra. Por esse motivo, uma área cicatricial pode ter uma dificuldade maior em absorver a tinta e mais de uma sessão, ou retoques da tatuagem, podem ser necessários.

Mas como fica a tatuagem em regiões operadas, mas sem a cicatriz propriamente dita?

Para regiões manipuladas cirurgicamente (como área de lipoaspiração, abdome pós abdominoplastia, etc.), mesmo que não tenha a cicatriz propriamente dita, a regra é a mesma.

Primeiro porque a região passa pelas mesmas fases de cicatrização e recuperação, mesmo que não visíveis externamente.

Depois, porque a área operada apresenta um edema (inchaço) comum a qualquer região traumatizada. Inchaço esse, que estimamos ter remissão completa após 12 meses de procedimento (quando, enfim, atingimos sua configuração final). Portanto, qualquer desenho realizado durante esse período, pode ficar ligeiramente distorcido após a recuperação total e perder parte de sua beleza.

E quanto à cobertura de quelóides?

Tatuagens em pacientes com quelóides não são, em absoluto, recomendadas. O trauma comum ao procedimento pode reativar o processo e piorar a cicatriz patológica.

Na verdade, não recomendo a tatuagem para nenhum paciente que tenha predisposição ao quelóide. Mesmo em pele íntegra, em regiões nunca manipuladas, a tatuagem pode resultar no aparecimento dessa alteração cicatricial e apresentar um resultado inestético indesejável.

E regiões não operadas e não manipuladas, podem ser tatuadas precocemente após uma cirurgia plástica?

Em qualquer recuperação pós operatória, existe o risco inerente de infecção local. Porém, com os cuidados adequados durante o ato cirúrgico e a colaboração do paciente na sua rotina de recuperação (no que se refere a higiene, uso de medicações e demais cuidados), esse risco é extremamente minimizado.

Durante esse período, o cuidado para evitar portas de entradas para bactérias deve ser redobrado.

Um foco de infecção pode originar-se em uma região distante e atingir, pela corrente sanguínea, os tecidos manipulados cirurgicamente, causando complicações que podem ser severas, além de comprometer o resultado estético.

As implicações tendem a ser mais importantes em cirurgias que envolvam a colocação de próteses de silicone. Ela pode resultar, inclusive, na necessidade da retirada dos implantes para controle infeccioso e, seguindo essa retirada, um período livre das próteses, para  que a cura total possa ser alcançada.

Assim, é importante que o paciente respeite esse período de recuperação inicial da cirurgia antes de se submeter a uma nova tatuagem.

Camuflagem de cicatrizes

Há um vertente, denominada tatuagem estética, onde cicatrizes hipocrômicas (mais claras) são pigmentadas de forma a ficarem com o tom semelhante ao tom da pele natural do paciente.

Cicatrizes hipercrômicas (mais escuras) não podem ser tratadas dessa forma, e requerem outros tipos de abordagens,  individualizadas caso a caso.

Porém, apesar da abordagem e objetivos diferentes, o tempo para a realização desse tipo de pigmentação é o mesmo do que as anteriores, devendo ser respeitado o tempo de maturação da cicatriz.

Orientações gerais

Respeitadas todas as orientações acima, os cuidados, como em qualquer procedimento invasivo, são essenciais:

  • escolha um profissional experiente e de confiança, que seja habilitado e esteja acostumado com esse tipo de tatuagem. Além disso, a utilização  de tintas de alta qualidade e o respeito às normatizações de assepsia e antissepsia (lembre-se que, caso não respeitadas, há o risco de contaminação por HIV, hepatites, sífilis, ou mesmo infecções bacterianas) são indispensáveis.
  • respeite as orientações pós procedimento, de higiene e demais cuidados locais
  • evite exposição solar

Tendo em vista as recomendações acima, as tatuagens podem ser realizadas com segurança e tranquilidade.

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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