O que é o tear trough ou sulco nasojugal?
É uma depressão inestética que ocorre na região da pálpebra inferior. Essa região confere um aspecto cansado ao olhar, e pode ocorrer em jovens.
Um dos itens mais importantes que conferem a beleza ao olhar é a transição suave entre a pálpebra e a bochecha.
Entretanto, seu tratamento é desafiador.
Como surgiu esse termo?
O termo “tear trough” (ou “goteira lacrimal”, em tradução livre) foi primeiramente descrito para se referir ao desenvolvimento dessa depressão visível ao longo do terço médio da pálpebra inferior.
Porém, o uso contemporâneo do termo refere-se à uma gama variável de deformidades na junção pálpebromalar, resultado de mudanças complexas relacionadas à idade.
Quais as causas do tear trough?
As causas podem ser constitucionais (ou seja, pela anatomia facial da própria pessoa) ou pelo envelhecimento.
As causas constitucionais incluem adesões da musculatura e outras estruturas palpebrais ao osso da órbita, causando essa depressão aparente sem a frouxidão tecidual.
Já durante o envelhecimento, ocorre uma frouxidão das estruturas faciais como um todo, com descenso da gordura da pálpebra. Visualmente, isso cria um aumento aparente na profundidade da “olheira”. O descenso inferior é limitado pela forte e direta adesão do músculo palpebral à parte óssea da sua região medial – essa queda das estruturas ocorre progressivamente, criando um aumento na profundidade, bem como no comprimento do tear trough. Com o aumento da magnitude do descenso, um sulco se desenvolve lateral e inferiormente ao inchaço da gordura central da pálpebra — o sulco palpebromalar. Este último cria uma demarcação visível e divisão da junção pálpebra-bochecha lateralmente.
– Tríade do sulco nasojugal: associação de várias características anatômicas que dão origem à deformidade tear trough (figura 2):
Figura 2. Tríade do sulco nasojugal.
- Herniação de gordura orbital
- Ligamento de sustentação do orbicular fortemente aderido ao longo do arcus marginalis (ou rebordo da órbita)
- Ptose malar (queda malar)
Quais os possíveis tratamentos?
A correção dessa deformidade é desafiadora. Pode incluir procedimentos direcionados ao rejuvenescimento tanto da pálpebra inferior quanto da área média da bochecha, dependendo de sua gravidade. Em pacientes mais jovens (que possuem sulco nasojugal causado apenas por variações anatômicas) o tratamento consiste, geralmente, em preenchimento da goteira com ácido hialurônico ou lipoenxertia.
Em pacientes que apresentam a deformidade causada pelo envelhecimento, o tratamento depende do seu grau (figura 3).
Porém, além do envelhecimento orbitário, toda a face média deve ser avaliada a fim de indicar a melhor forma.
Figura 3
– Classe I: “Deformidade do sulco nasojugal” ou “tear trough”: sulco nasojugal proeminente (pode ser constitucional).
– Classe III: Sulco nasojugal confluente com o sulco palpebromalar (depressão proeminente na região entre a pálpebra e a bochecha), na parte lateral da órbita inferior).
Classificação do envelhecimento da pálpebra e face média
Figura 3. Envelhecimento da face média e órbita
Deformidade
Grau 0
Sem linhas mediais ou laterais. O contorno é liso e jovem; nenhuma transição na junção palpebromalar.
Grau I
A linha medial ou sombra é leve ou sutil. A junção palpebromalar tem uma transição lateral suave.
Grau II
A junção palpebromalar mostra uma proeminência moderada, estendendo-se de medial a lateral.
Grau III
A junção palpebromalar mostra uma proeminência severa, com um degrau óbvio entre órbita e bochecha.
Grau IV
Deformidades mais graves são caracterizadas por mudanças que não se limitam à pálpebra.
OK, já entedi que depende do envelhecimento, mas enfim, qual o melhor tratamento para cada fase?
Casos mais leves e moderados (graus I e II) podem ser tratados com procedimentos menos invasivos com injetáveis: preenchimentos faciais, bioestimuladores de colágeno para melhora da firmeza de pele e tecnologias.
Pacientes que claramente se beneficiariam da cirurgia são aqueles com herniação de gordura orbital e significativa flacidez da pele (casos de envelhecimento mais avançados). As opções a serem avaliadas são: blefaroplastias com ressecção ou reposicionamento de bolsas de gordura, suspensão de SOOF ou lifting facial.
Os tratamentos minimamente invasivos e cirúrgicos podem ser combinados, variando caso a caso.
Assim, a indicação do melhor tratamento deve sempre ser individualizada, após uma avaliação e exame físico completo realizado por um médico especialista.
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Para finalizar, eu já falei sobre as olheiras pigmentares em um blog anterior, se quiser relembrar, clique aqui.