Você já ouviu falar em gordura visceral? Sabe como ela pode afetar a sua saúde e atrair doenças e problemas maiores?
Nosso corpo tem 2 tipos principais de gorduras: a gordura subcutânea (que fica embaixo da pele) e a visceral, que fica ao redor dos órgãos.
A gordura visceral é extremamente prejudicial: está associada a um risco maior de diabetes tipo 2, resistência à insulina, doenças cardíacas e até mesmo a alguns tipos de câncer.
A quantidade de gordura subcutânea que você desenvolve depende da genética e estilo de vida, como dieta e atividade física.
O padrão de distribuição de gordura no nosso organismo é variável de pessoa a pessoa (algumas tem predisposição ao acúmulo abaixo da pele, outras dentro da cavidade abdominal).
As causas são genéticas, maus hábitos alimentares, atividade física, desequilíbrios hormonais.
Hoje eu vou ajudar você a entender a diferença entre gordura visceral e gordura subcutânea para que você saiba como se livrar delas.
O que é gordura visceral?
É a gordura encontrada dentro da cavidade abdominal e envolve os órgãos internos (dentro da cavidade peritoneal). Não é passível de ser lipoaspirada. Causa abaulamento da parede muscular e abdome, principalmente em musculaturas não preparadas fisicamente.
É difícil jugar quanta gordura visceral temos. No entanto, uma barriga saliente e uma cintura grande são 2 indícios de sua existência.
Pesquisas publicadas pela Québec Heart Institute e Obesity Society demonstram que o excesso de gordura visceral está associado a um maior risco de diabetes tipo 2, resistência à insulina, doenças cardíacas e até certos tipos de câncer. Esse risco está associado a marcadores inflamatórios como IL-6, IL-1?, PAI-I e TNF-?.
Por que a gordura visceral é prejudicial?
As células adiposas fazem mais do que simplesmente armazenar excesso de energia. Os adipócitos viscerais são especialmente ativos e produzem ainda mais marcadores inflamatórios, como IL-6, IL-1?, PAI-I e TNF-?.
Com o tempo, esses hormônios podem promover uma inflamação prolongada e aumentar o risco de doença crônica.
Um exemplo disso é uma doença cardíaca. A inflamação duradoura pode causar a formação de placas no interior das artérias, sendo um fator de risco para doenças cardíacas, como o infarto agudo do miocárdio.
A placa coronariana é uma combinação de colesterol e outras substâncias. Ela cresce ao longo do tempo e pode eventualmente se romper.
Quando isso acontece, o sangue no interior da artéria, na região da rotura, coagula, bloqueando parcial ou completamente o fluxo sanguíneo, resultando em um infarto agudo do miocárdio.
A teoria do portal também ajuda a explicar por que a gordura visceral é prejudicial.
Ela sugere que a gordura visceral libera marcadores inflamatórios e ácidos graxos livres que viajam até o fígado, favorecendo o acúmulo de gordura hepática (esteatose) e, potencialmente, levando à resistência insulínica e diabetes tipo 2.
Por outro lado, a gordura subcutânea é armazenada logo abaixo da pele.
Qual a função da gordura subcutânea?
A camada superior da sua pele é a epiderme. A camada do meio é a derme. A gordura subcutânea é a mais profunda.
A gordura subcutânea tem 5 funções principais:
- Armazenamento de energia;
- Transporte
e armazenamento de nutrientes; - Proteção de músculos e ossos;
- Isolamento térmico, controlando a
temperatura - Conexão da derme aos músculos
- Auxílio no metabolismo básico, como crescimento, função imunológica e
reprodução.
Riscos do acúmulo de gordura subcutânea
A gordura subcutânea é uma parte importante do seu corpo mas, em excesso, acarreta problemas de saúde, incluindo:
- Doenças cardíacas;
- Hipertensão arterial (pressão alta);
- Diabetes tipo 2;
- Certos tipos de câncer;
- Apnéia do sono;
- Doença hepática gordurosa (esteatose);
- Doença renal.
Como diagnosticar obesidade?
Uma maneira de determinar se você está acima do peso é medindo seu índice de massa corpórea (IMC), que fornece a proporção entre seu peso e sua altura.
O resultado pode ser classificado da forma abaixo:
- Peso normal: IMC de 18,5 a 24,9;
- Sobrepeso: IMC de 25 a 29,9;
- Obesidade: IMC de 30 ou mais.
Porém, essa medida é extremamente inespecífica, pois não diferencia as composições corporais. A melhor maneira de avaliar excesso de gordura subcutânea e através da bioimpedância, que quantifica a porcentagem adiposa corporal.
Outra maneira de estimá-la é através da circunferência abdominal.
É estabelecido que homens com cintura acima de 101cm e mulheres com cintura acima de 89cm têm um maior risco de desenvolver doenças relacionadas à obesidade.
Gordura visceral, subcutânea e cirurgia plástica
A gordura visceral não pode ser retirada em procedimentos estéticos como lipoaspiração e abdominoplastia.
Por esse motivo, quando uma pessoa tem um grande índice de gordura visceral, a perda de peso é recomendada para um melhor resultado final.
Em casos de realização cirúrgica em pacientes com grande quantidade de gordura visceral, mesmo com uma lipoaspiração ou uma abdominoplastia, o abdome continuará protruso e globoso após o procedimento, podendo causar insatisfação ou frustação quanto ao resultado. Isso ocorre pela manutenção da pressão intra-abdominal sobre a parede muscular fraca.
Assim, para um melhor resultado estético e satisfação pós operatória, é recomendada perda de peso e mudança de hábitos alimentares antes da cirurgia.
O melhor é sempre consultar-se com um Cirurgião Plástico Especialista, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Como se livrar das gorduras visceral e subcutânea?
Você não precisa seguir uma dieta especial ou fazer exercícios exaustivos para perder peso e tecido adiposo.
Aqui estão algumas dicas simples de como eliminá-la
#1. Experimente uma dieta pobre em carboidratos
De fato, pesquisas publicadas pelo Department of Nutrition Sciences, da Universidade do Alabama pela Human Performance Laborator, mostraram que dietas com baixo teor de carboidratos são mais eficazes na redução de gordura visceral do que dietas com baixo teor de gordura.
Em um estudo feito em conjunto pelo Department of Preventive Medicine,
Department of Geriatrics, Department of Preventive Medicine da Universidade de Nagoya e Department of Internal Medicine da Haimoto Clinic, de 8 semanas, incluindo 69 homens e mulheres com sobrepeso, os cientistas descobriram que as pessoas que seguiram uma dieta pobre em carboidratos perderam 10% mais gordura visceral e 4,4% mais gordura total do que aquelas com uma dieta pobre em gorduras.
Além disso, a dieta cetogênica, que é uma dieta muito baixa em carboidratos, também pode ajudar a reduzir a gordura visceral.
Dietas cetogênicas reduzem drasticamente a ingestão de carboidratos e substituem-na por gordura. Isso pode colocá-lo em um estado metabólico natural chamado cetose.
Uma outra pesquisa, realizado pela Human Performance Laboratory da Universidade de Connecticut, que incluiu 28 adultos com sobrepeso e obesos descobriu que aqueles que seguiram uma dieta cetogênica perderam mais gordura, especialmente gordura visceral, do que outras pessoas que seguem uma dieta com pouca gordura.
#2. Faça mais exercícios aeróbicos
O exercício aeróbico regular é uma ótima maneira de perder gordura visceral. É comumente conhecido como cardio, e queima uma grande quantidade de calorias.
De fato, pesquisas realizadas pela Discipline of Exercise and Sport Science, da Universidade de Sidney, Health Promotion and Exercise Program, do Instituto Nacional de Saúde e Nutrição em Tókio, pela The Robert Steiner MR Unit, em Londres que o exercício aeróbico pode ajudar a perder gordura visceral mesmo sem fazer dieta.
Por exemplo, uma metanálise de 2013 revisou 15 publicações, com um total de 852 pessoas e comparou o quão bem os diferentes tipos de exercício reduziram a gordura visceral sem fazer a dieta.
Eles descobriram que exercícios aeróbicos moderados e de alta intensidade eram mais eficazes na redução da gordura visceral sem fazer dieta.
Dito isso, a combinação de exercícios aeróbicos regulares com uma dieta saudável é mais eficaz para atingir a gordura visceral do que para qualquer um sozinho.
Se você deseja começar o exercício aeróbico, comece com uma caminhada rápida ou corrida pelo menos 2 a 3 vezes por semana.
#3. Tente comer mais fibras
A fibra pode ser dividida em 2 grandes categorias: solúvel e insolúvel.
O tipo solúvel se mistura com a água para formar uma substância viscosa semelhante a um gel. Isso ajuda a retardar a entrega de alimentos digeridos do estômago para os intestinos.
Quando a fibra solúvel atinge o cólon (no intestino), é fermentada pelas bactérias intestinais em ácidos graxos de cadeia curta.
Esses ácidos graxos são uma importante fonte de nutrição para as células do cólon.
Curiosamente, eles também podem ajudar a reduzir a gordura visceral, suprimindo o apetite.
Por exemplo, pesquisas da Cambridge Institute for Medical Research, na Universidade de Cambridge e do Nutrition and Dietetic Research Group do Colégio Imperial de Londres, mostram que os ácidos graxos de cadeia curta ajudam a aumentar os níveis de hormônios de saciedade, como colecistocinina, GLP-1 e PYY.
Eles também podem ajudar a reduzir os níveis do hormônio da fome, a grelina.
Um trabalho realizado com 1.114 pessoas pela Section of Endocrinology and Metabolism da Wake Forest University constatou que o simples aumento da ingestão de fibras solúveis em 10 gramas por dia reduziu o risco de ganho de gordura visceral em até 3,7%.
Para aumentar sua ingestão de fibras, tente comer mais linhaça, batata doce, legumes e grãos. Você também pode optar por um suplemento de fibra solúvel.
#4. Evite gorduras trans
Se há algo em que os profissionais de saúde concordam é que as gorduras trans fazem mal à sua saúde.
Elas são um tipo artificial de gordura criada bombeando hidrogênio em óleos vegetais.
Óleos vegetais não estragam rapidamente e têm uma vida útil mais longa. É por isso que elas são adicionadas a alimentos processados, como assados e batatas fritas.
No entanto, estudos da McMaster University, no Canadá e Division of Cardiovascular Medicine de Boston demonstram que esse tipo de gordura pode aumentar o acúmulo visceral e causar inúmeros problemas de saúde.
Em uma pesquisa de 6 anos realizado pela Wake Forest University School of Medicine, os macacos foram alimentados com uma dieta rica em gorduras trans artificiais ou monoinsaturadas.
Macacos em uma dieta com gorduras trans ganharam 33% mais gordura visceral, apesar de consumirem um número semelhante de calorias.
Agora você já sabe a diferença da gordura visceral e da gordura subcutânea, como elas se manifestam em nosso corpo e seu impacto no resultado após uma cirurgia estética