Dra. Marcela Scarpa

Devo suplementar colágeno?

Devo Suplementar Colágeno?

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

O colágeno é a proteína mais abundante do nosso corpo, representando um terço de sua composição. Tem função estrutural nos tecidos e órgãos. Atua na sustentação e tônus na pele, deixando-a mais resistente e elástica (corresponde a 75% da composição natural da pele). Mantém os cabelos e unhas mais firmes, reforça tendões e ligamentos musculares, ossos e cartilagens. É responsável também pela coesão, elasticidade e regeneração de todos os tecidos.

Segundo um artigo publicado na revista científica Advanced Drug Delivery Reviews, em 2003, há mais de 20 tipos de colágeno. Sua função e tipo variam de acordo com sua estrutura.

A produção do colágeno acontece naturalmente em nosso corpo, porém, com o envelhecimento, há uma diminuição exponencial na sua formação. Após os 30 anos, essa produção diminui em torno de 1% ao ano, sendo que, aos 50 anos ela é de aproximadamente 35%. Outros fatores como o estresse, má alimentação, tabagismo, exposição solar, poluição, consumo de bebidas alcoólicas e drogas podem diminuir ainda mais sua síntese.  Falamos antes sobre o assunto nesse artigo, relembre neste link:

Os efeitos de sua baixa  produção podem ser percebidos com fragilidade capilar (cabelos quebradiços e finos), flacidez cutânea e perda da elasticidade, rugas finas e linhas de expressão, estrias, entre outros.

Mitos a parte, é possível a reposição do colágeno? Não é difícil encontrarmos diversos tratamentos e produtos alimentícios que prometem tal função.

A alimentação saudável.

Fator crucial para melhora na síntese do colágeno – alimentos ricos em proteínas. Além disso, ela depende de Vitamina C, que deve ser balanceada na dieta, já que não é produzida pelo organismo. Outros fatores que facilitam sua produção e absorção são Vitamina A, E, silício e zinco. Priorize carnes vermelhas magras, frangos, peixes, ovos, legumes e verduras, frutas e castanhas.

Além disso, hábitos saudáveis como ingesta adequada de água, prática de atividade física e proteção solar são essenciais. Recomenda-se evitar tabaco, cigarro, carboidratos de má qualidade, gorduras, açucares, adoçantes (sucralose e aspartame) e refrigerantes.

Procedimentos Estéticos.

Peelings, lasers, microagulhamento, bioestimuladores injetáveis, fios de sustentação (COLOCAR LINKS) são exemplos de tratamentos estéticos que ajudam na produção do colágeno e evitam sua degradação nas áreas tratadas.  Esses tratamentos também auxiliam no combate a: acne, oleosidade, rugas, estrias, manchas e celulite, entre outros benefícios.

Para que os tratamentos sejam corretamente indicados e os riscos a sua saúde sejam minimizados, é muito importante que tais procedimentos sejam realizados por um médico especialista.

Suplementos e Injeções.

A suplementação oral de colágeno é controversa atualmente, apesar de reconhecido pelo Ministério da Saúde no Brasil e pelo FDA nos Estados Unidos.

Alguns estudos publicados em revistas científicas demonstraram efeitos positivos do consumo diário, de 5 a 10 gramas de colágeno hidrolisado, na qualidade da pele e sistema osteoarticular.

Exemplos são artigos científicos publicados em revistas como o Journal of Cosmetic Dermatology, que em 2015 avaliou a qualidade da pele em mulheres japonesas, percebidas após 8 semanas de suplementação.

Outro estudo publicado na revista Skin Pharmacology and Physiology em 2014, percebeu uma melhora na elasticidade cutânea em mulheres de 35-55 anos que receberam 2,5 a 5,0 gramas de colágeno hidrolisado diariamente. Esse estudo, porém, não teve uma significância estatística.

O colágeno hidrolisado é composto por 84 a 90% de proteína, 1 a 2% de sais minerais e 8 a 15% de água. Nesse formato tem aprovação pela ANVISA e pode ser comprado facilmente sem prescrição médica. Pode ser tomado diariamente, juntamente com uma fonte de vitamina C (caso não contenha na sua formulação). É isento de gorduras, colesterol e carboidratos.

Seu formato mais consumido é em cápsula ou sachê/pó, mas existem as versões em balinhas de goma, águas aromatizadas e até mesmo bombons.

Geralmente indicado a partir dos 30 anos, pode ser prescrito mais precocemente em tabagistas, pessoas com exposição solar excessiva, atletas ou outros pacientes com fatores de risco para envelhecimento precoce e lesão osteoarticular.

Como escolher o melhor suplemento? Aqui vão algumas dicas:

  • para a pele, priorize o colágeno tipo 1, e sempre no formato hidrolisado, que facilita sua absorção
  • preferencialmente devem ter os principais nutrientes para sua produção, como a Vitamina C, E, A, silício e zinco
  • evite componentes como maltodrextina, açucares ou adoçantes
  • aminoácidos com glicina e prolina são necessários em maiores concentrações para sua formação
  • evite corantes artificiais

Porém, a questão controversa é: sua suplementação não garante que, quando ingeridos, transformem-se, efetivamente e exclusivamente em colágeno. Nada impede que, após sua absorção e quebra em aminoácidos, transforme-se em outras substâncias e proteínas para o organismo. Para melhora da sua produção, uma alternativa é melhorar o aporte de Vitamina C e outros elementos que auxiliam sua formação, como licopeno e minerais.

Além disso, essa ingesta não substitui uma alimentação balanceada, a qual ainda permanece como a melhor fonte de nutrientes e substâncias necessárias para sua produção.

Não se esqueça: o acompanhamento de um especialista é fundamental, já que é necessário cautela principalmente em pacientes com alteração da função renal (o excesso de aminoácido na suplementação pode sobrecarregar o rim).

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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