De acordo com pesquisadores, a Toxina Botulínica pode ajudar a reduzir a frequência de crises crônicas de enxaqueca.
Quem já passou, ou passa por crises de enxaqueca, sabe o quanto esse problema afeta a vida no cotidiano.
Definida como uma dor de cabeça recorrente, que pode surgir acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e sons altos, a enxaqueca acomete atualmente 20% do público feminino e de 5 a 10% da população masculina, segundo dados apresentados pela Sociedade Brasileira de Cefaléia.
Apesar de existirem várias formas de tratamento, estudos recentes encontraram evidências sobre a eficácia da Toxina Botulínica no tratamento da enxaqueca crônica.
O estudo divulgado no periódico médico Plastic and Reconstructive Surgery ®, mostrou que, quando comparada ao placebo, o tratamento com Toxina Botulínica diminuiu em 1.6 as crises mensais de enxaqueca.
A partir da metanálises de ensaios clínicos, a Toxina Botulínica mostrou-se superior ao placebo no tratamento preventivo da enxaqueca.
Para o professor Benoit Chaput, MD, PHD do Hospital Universitário Rangueil, Toulouse na França e seus colegas pesquisadores:
“A toxina botulínica é um tratamento seguro e eficiente, que deve ser discutido com os pacientes acometidos por enxaqueca. ”
Evidencia demonstra a eficácia da Toxina Botulínica
Em 2010, a agência reguladora de drogas e alimentos dos EUA (FDA) aprovou a utilização da Toxina Botulínica para o tratamento de enxaquecas. Desde então, o método passou a beneficiar um número cada vez maior de pacientes.
Para comprovar a eficácia da terapia, o Professor Chaput e seus colegas analisaram os resultados de 17 ensaios clínicos anteriores, que comparavam a ação da Toxina Botulínica e do placebo no tratamento preventivo de cefaleias crônicas.
Ao todo, 3650 pacientes participaram de 17 ensaios clínicos analisados pelos pesquisadores. Desses pacientes, 1550 sofriam de enxaqueca crônicas – com pelo menos 15 crises mensais ao longo de 3 meses. Já os pacientes restantes apresentavam episódios menos frequentes de dor de cabeça.
Resultados
Três meses após a aplicação, os pacientes tratados com toxina botulínica apresentaram em média, 1,6 menos crises mensais do que aqueles tratados com placebo.
A melhora foi significativamente observada durante os 2 meses seguintes ao tratamento. Devemos lembrar que a ação da toxina é temporária e, para um resultado prolongado, a toxina deve ser reaplicada periodicamente.
Durante a análise, também constatou-se uma “tendência” de efeito positivo no grupo de pacientes com dores de cabeça menos intensas. A toxina aparentemente diminuiu a frequência dos episódios.
Apesar da Toxina Botulínica apresentar mais reações adversas do que o placebo, nenhuma delas mostrou-se severa ou suficiente para interromper o tratamento.
Qualidade de vida
A análise dos dados mostrou também uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes tratados com Toxina Botulínica. A melhora foi proporcional à redução dos sintomas de depressão:
“Ao reduzir os impactos da enxaqueca, também minimizamos os sintomas da depressão e da ansiedade ”, dizem os pesquisadores.
Assim, a Toxina Botulínica do tipo A (BTX-A) apresenta-se como uma solução minimamente invasiva e eficaz no tratamento de dor crônica muscular e neuropática.
Para saber mais sobre a Toxina Botulínica leia: Perguntas e respostas – Toxina Botulínica
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Referência
Eva Bruloy, Raphael Sinna, Jean-Louis Grolleau, Apolline Bout-Roumazeilles, Emilie Berard, Benoit Chaput. Botulinum Toxin versus Placebo. Plastic and Reconstructive Surgery, 2019; 143 (1): 239 DOI: 10.1097/PRS.0000000000005111