Um estudo realizado pela Universidade de Harvard e publicado no periódico científico Facial Plastic Surgery & Aestetic Medicine, sugeriu que um número recorde de pessoas estão buscando procedimentos estéticos após olharem-se constantemente em plataformas de videochamadas, como o Zoom.
Cirurgiões norte americanos relataram uma maior número de pacientes insatisfeitos com suas aparências devido as videochamadas.
Narizes e rugas são as queixas mais comuns no fenômeno que os especialistas apelidaram de “Dismorfia do Zoom”.
Além disso, eles perceberam que no lockdown, aumentou o número de pesquisas no Google por tratamentos para acne, calvície e rugas.
Os especialistas alertam que as videochamadas distorcem a aparência dos usuários, alterando-a da realidade.
Em 2019, antes do COVID-19, um outro estudo relatou que 72% das buscas por procedimentos estéticos tinham como objetivo uma melhora das selfies (eu falei sobre isso em uma matéria anterior, se quiser relembrar, clique aqui
Além disso, os especialistas descobriram que maiores níveis de engajamento nas redes sociais é diretamente correlacionado a maiores níveis de insatisfação corporal.
“Um tempo desproporcionalmente gasto no Zoom pode desencadear uma círculo de comparações e auto crítica”, relata uma das autoras do artigo, a dermatologista Arianne Shadi Koroush, do Hospital Geral de Massachussets. Ela também acrescenta que “isso pode levar a busca de especialistas por pessoas, com o objetivo de tratar incômodos que passavam desapercebidos antes dos meses em frente à câmeras de vídeo.”
Um outro trabalho mais antigo descobriu que uma foto tirada a 30 centímetros pode aumentar a percepção nasal em 30%, quando comparado a um retrato tirado a 1,5 metro (também falei sobre isso em uma matéria anterior, se quiser relembrar clique aqui
Da mesma forma, as webcams, gravadas em distâncias focais curtas, tendem a reproduzir uma face mais redonda, olhos fundos e narizes maiores. Com isso, é importante que os pacientes reconheçam as limitações da webcam e que entendam que elas são, no máximo, uma representação imperfeita da realidade.
“A teoria, contextualizada no Zoom é particularmente interessante, já que o paciente é também seu espectador”, afirma Koroush. “Eles podem sentir-se mais deprimidos por causa das rugas que veem, o que, por sua vez, afetam negativamente suas emoções, levando a um perigoso círculo vicioso de auto depreciação.”
Este é um conceito moderno e interessante, de como a aparência pode afetar negativa ou positivamente as nossas emoções, eu falei um pouco sobre ela no artigo “Toxina Botulínica no Tratamento da Depressão”.
“Isso torna-se uma preocupação maior quando o indivíduo transforma a preocupação ocasional com defeitos reais ou imaginários, em uma obsessão. A pandemia do COVID-19 realmente mudou radicalmente a frequência com que fomos obrigados a confrontar nossa imagem”, relata o o cirurgião plástico Benjamin Marcus, da Universidade de Winsconsin. “O homeoffice, ensino ou mesmo a socialização à distância, aumentou drasticamente o tempo que passamos nos observando.”
“Sempre foi incumbido ao cirurgião plástico, compreender a motivação dos pacientes ao buscar uma cirurgia estética. Isso assegura ao médico que os resultados sejam realistas, o que é indispensável para cirurgias bem sucedidas”, acrescenta Travis Tollefson, cirurgião da Universidade da Califórnia.
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