Dra. Marcela Scarpa – Cirurgiã Plástica

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Tratamento do Lipedema

Imagens da internet

O que é lipedema e qual sua incidência?

O lipedema é uma alteração crônica que se caracteriza pelo acúmulo, atípico, simétrico e anormal de gordura sob a pele, geralmente localizado nas pernas, nos quadris ou na parte superior dos braços.

Afeta essencialmente o sexo feminino e apresenta uma alta incidência, estimada em cerca de 11% das mulheres, sendo frequentemente sub diagnosticado.

Além do comprometimento estético, pode causar muitas complicações como irregularidades, infecção, dor e prejuízo de mobilidade.

Qual a causa do lipedema?

A causa exata do lipedema ainda não é completamente compreendida, mas fatores metabólicos, genéticos e hormonais desempenham um papel significativo. O estrógeno (hormônio feminino) é um fator de contribuição para o seu desenvolvimento. Por esse motivo, momentos da vida da mulher em que há um aumento hormonal, como puberdade, gestação, uso de anticoncepcionais, tratamentos para engravidar e menopausa podem piorar o quadro ou serem gatilhos para seu desenvolvimento.

Além disso, estilo de vida que promove inflamação pode piorar o quadro existente.

Quais os sintomas do lipedema?

O principal sintoma da doença inclui edema (inchaço) das pernas, que faz com que elas se alarguem dos tornozelos até os quadris, de forma desproporcional ao restante do corpo. Há também sensibilidade aumentada, dor e hematomas, prejudicando a mobilidade do paciente em casos graves.

É bilateral, com aumento simétrico de tecido gorduroso principalmente nas pernas e tornozelos, associado a uma tendência ao edema, que piora ao ficar em pé.

Sintomas mais comuns:

  • Dor;
  • Hipersensibilidade ao toque e à pressão;
  • Acúmulo de gordura da cintura até os joelhos ou tornozelos, podendo associar-se a uma marca anelar acima do tornozelo;
  • Não acometimento dos pés;
  • Acúmulo de gordura nos braços;
  • Perda da elasticidade da pele;
  • Hematomas fáceis e frequentes;
  • Cansaço geral;
  • Teleangectasias (vasinhos) nas pernas;
  • Textura borrachosa do membro;
  • Início na puberdade, gravidez ou menopausa;
  • Podem ocorrer bolsões de gordura/fluído abaixo do joelho.

Quais os graus de lipedema descritos?

  • Estágio I : superfície da pele normal com aumento da hipoderme;
  • Estágio II: pele irregular, com sulcos. Grandes acúmulos de tecido gorduroso, lipomas e angiolipomas;
  • Estágio III: grandes massas de tecido adiposo causando deformidades, especialmente nas coxas e nos tornozelos;
  • Estágio IV: lipedema com linfedema (lipolinfedema)

Como é feito o diagnóstico do lipedema?

Não há exames de imagem ou laboratoriais suficientemente conclusivos para diagnosticar a doença, sendo este baseado nos sinais clínicos e sintomas.

Alguns exames complementares podem ser solicitados para comprovar a desproporção corporal, como a tomografia computadorizada, linfocintilografia, ressonância nuclear magnética, DEXA (composição corporal) e bioimpedância.

Observa-se notadamente que o linfedema é frequentemente associado ao lipedema, pois as células de gordura entumecidas podem bloquear os canais linfáticos, causando edema adicional.

É frequentemente acompanhada de outras doenças, como articulares, venosas, obesidade e transtornos psicossociais.

Como tratar o lipedema?

Não há cura identificada para o lipedema, entretanto, sua detecção e tratamento precoces podem reduzir os danos progressivos relacionados.

Esse tratamento é dividido em dois pilares, o conservador e o cirúrgico.

O tratamento conservador consiste em acompanhamento clínico e adoção de alguns cuidados, primordiais no controle dos sintomas. A diminuição do peso, associada a uma dieta controlada e à prática de exercícios físicos podem ajudar a reduzir a gordura não-lipedêmica e controlar a inflamação. Além disso, uso de meias de compressão associada à fisioterapia e drenagem linfática apresentam benefícios comprovados.

Como é feita a lipoaspiração para o lipedema?

A lipoaspiração tem se mostrado uma opção segura para a diminuição da circunferência e melhora da aparência dos membros inferiores. É a única técnica comprovadamente eficaz de remoção de células de gordura doentes. Além disso, há melhora da dor, da movimentação, do edema e diminuição da fragilidade capilar, tendo impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.

O procedimento cirúrgico pode envolver múltiplas sessões, dependendo do grau da doença, realizadas a cada 5-6 meses. O volume aspirado deve obedecer aos limites de segurança calculados individualmente para cada paciente. 

É importante ressaltar que a lipoaspiração não cura o lipedema, mas pode ajudar a controlar sua progressão e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente.

Por ter origens supostamente genéticas e hormonais, seu reaparecimento é possível. Portanto, o paciente não deve abandonar seu tratamento clínico tradicional.

É possível operar acima do peso?

Sim, é possível realizar a cirurgia mesmo estando acima do peso. No entanto, durante a lipoaspiração, não é possível separar a gordura doente da gordura saudável. Assim, em cirurgias realizadas com sobrepeso e considerando o volume máximo de segurança permitido para a lipoaspiração, pode ser que uma quantidade menor de tecido doente seja removida.

Há o uso de tecnologias para melhorar a retração da pele após a lipoaspiração?

Sim, é frequente o uso de tecnologias intraoperatórias para retração de pele, como laser Diodo, Morpheusâ, Bodytiteâ e Renuvion. As tecnologias podem ser combinadas, com o objetivo de estimular a produção de colágeno e promover uma melhor retração da pele após a lipoaspiração.

Como é a recuperação após a lipoaspiração para o lipedema? Quais as recomendações pós-operatórias?

A recuperação depende da região operada. De modo geral, em membros superiores, é recomendado o uso de malhas de compressão e fisioterapia especializada. Em membros inferiores, além das recomendações anteriores, são mantidos inicialmente orifícios de drenagem de líquidos acumulados, tratados durante as sessões com a fisioterapeuta. Além disso, botas de compressão pneumáticas são recomendadas durante o primeiro mês.

São também mandatórios o acompanhamento regular para monitorar a evolução do paciente, o uso correto das medicações prescritas e a não exposição solar por 6 meses a um ano da cirurgia.

Quando verei meu resultado final?

O resultado final é visto 9 meses a um ano após o último procedimento realizado. Período em que houve a regressão do edema e a ação do uso das tecnologias para retração de pele podem ser percebidas. Se quiser ler o blog anterior sobre o assunto, clique aqui.

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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