Dra. Marcela Scarpa – Cirurgiã Plástica

Saiba o Que É Lipedema e Como Pode Afetar a Qualidade De Vida, Principalmente Das Mulheres

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Imagens da internet

O que é lipedema?

Lipedema é uma doença crônica, diagnosticada clinicamente e que afeta o tecido adiposo distribuído pelo corpo. É um acúmulo atípico, simétrico e anormal de gordura sob a pele, geralmente localizado nas pernas, nos quadris ou na parte superior dos braços.

Seu surgimento se dá a partir de um desenvolvimento anormal das células de gordura (adipócitos). 

Muitas vezes confundido com a obesidade ou o linfedema, o lipedema é progressivo e pode causar complicações como cicatrizes, infecção, dor e prejuízo de mobilidade.

 

Quais são as causas do lipedema

O lipedema é uma das muitas condições crônicas que causam inchaço. No entanto, é um tanto singular, pois afeta quase exclusivamente as mulheres.  Além disso, de acordo com um estudo de 2011, nos “Anais de Medicina de Reabilitação”, 15% dos doentes apresentam uma história familiar da doença. 

Já pacientes do sexo masculino diagnosticados com lipedema, apresentaram o desenvolvimento desta condição relacionado à deficiência de testosterona, do hormônio do crescimento e com doenças hepáticas (do fígado).

Não há muitos estudos claros e objetivos sobre a origem do lipedema. Suspeita-se que haja uma causa genética associada à fatores metabólicos, inflamatórios e, principalmente, hormonais.

 

 

Quais são os sintomas de lipidema?

 principal sintoma da doença inclui edema (inchaço) das pernas, que faz com que elas alarguem-se dos tornozelos até os quadris, de forma desproporcional ao restante do corpo. Há também sensibilidade aumentada, dor e hematomas, prejudicando a mobilidade do paciente em casos graves.

É bilateral, com aumento simétrico de tecido gorduroso principalmente nas pernas e tornozelos, associado a uma tendência ao edema, que piora ao ficar em pé.

Sintomas mais comuns:

  • Dor;
  • Hipersensibilidade ao toque e à pressão;
  • Acúmulo de gordura lipedêmica da cintura até os joelhos ou tornozelos, podendo associar-se a uma marca anelar acima do tornozelo;
  • Não acometimento dos pés;
  • Acúmulo de gordura lipedêmica nos braços;
  • Perda da elasticidade da pele;
  • Hematomas fáceis e frequentes;
  • Cansaço geral;
  • Teleangectasias (vasinhos) nas pernas;
  • Textura borrachosa do membro;
  • Início na puberdade, gravidez ou menopausa;
  • Podem ocorrer bolsões de gordura/fluído abaixo do joelho.

 

Diagnóstico

Não há exames de imagem ou laboratoriais suficientemente conclusivos para diagnosticar a doença, sendo este baseado nos sinais clínicos e sintomas. Observa-se notadamente que o linfedema é frequentemente associado ao lipedema, pois as células de gordura entumecidas podem bloquear os canais linfáticos, causando edema adicional.

É frequentemente acompanhada de outras doenças, como articulares, venosas, obesidade e transtornos psicossociais.

O Lipedema possui 4 estágios:

lipedema
  1. Estágio I : superfície da pele normal com aumento da hipoderme;
  2. Estágio II: pele irregular, com sulcos. Grandes acúmulos de tecido gorduroso, lipomas e angiolipomas;
  3. Estágio III: grandes massas de tecido adiposo causando deformidades, especialmente nas coxas e nos tornozelos;
  4. Estágio IV: lipedema com linfedema (lipolinfedema).

 

Lipedema x Linfedema

O linfedema é definido como um acúmulo de líquido e proteínas, que pode ocorrer em diversas regiões do corpo, mas com particular importância nas extremidades como braços e pernas. Várias doenças estão relacionadas ao comprometimento do sistema linfático, seja pelo seu bloqueio ou pela sua lesão direta. 

O Lipedema pode surgir por causas genéticas, metabólicas, hormonais ou inflamatórias. Já o Linfedema pode ser adquirido (secundário a cirurgia, trauma ou infecção, por exemplo, que danificam o sistema linfático) ou congênito (mudanças hereditárias no sistema linfático). 

Por mais que o lipedema seja muitas vezes confundido com o linfedema, o não acometimento dos pés é um forte sinal para a diferenciação. 

 

Tratamentos para o lipedema

Não há cura identificada para o lipedema, entretanto, sua detecção e tratamento precoces podem reduzir os danos progressivos relacionados. A diminuição do peso e a prática de exercícios físicos (com o uso de meias de compressão) podem ajudar a reduzir a gordura não-lipedêmica e controlar a inflamação.

Dessa forma, o controle do peso corporal pode prevenir o seu aumento, no entanto, pode ocorrer progressão mesmo com dieta rígida e um plano de exercícios. Procedimentos futuros podem ser necessários.

Embora não haja tratamento comprovadamente efetivo, o edema pode ser controlado com a terapia de compressão, dieta, certos medicamentos, drenagem linfática manual e demais terapias de descongestão.

lipedema

 

Lipoaspiração para tratar lipedema

A lipoaspiração tem se mostrado uma opção segura para a diminuição da circunferência e melhora da aparência dos membros inferiores. Além disso, há melhora da dor, da movimentação, do edema e diminuição da fragilidade capilar, tendo impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.

A técnica de lipoaspiração mais utilizada é a tumescente. Nela, é injetada uma solução no tecido subcutâneo que, além de anestesiar, causa a vasoconstrição, diminuindo assim o trauma vascular. 

O procedimento cirúrgico pode envolver múltiplas sessões, dependendo do grau da doença, realizadas a cada 3 a 6 meses. O volume aspirado deve obedecer aos limites de segurança calculados individualmente para cada paciente. 

É importante ressaltar que a lipoaspiração não cura o lipedema, mas pode ajudar a controlar sua progressão e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente.

Por ter origens supostamente genéticas e hormonais, seu reaparecimento é possível. Portanto, o paciente não deve abandonar seu tratamento clínico tradicional.

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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