Dra. Marcela Scarpa

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O Desafio do Transplante de Rosto

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Em meio à uma crise de depressão, Andy Sandness decidiu em 22 de dezembro de 2006, que acabaria com a própria vida, e atirou contra a cabeça. No mesmo instante, Andy soube que tinha cometido um erro grave.

Foi encontrado com vida por um policial amigo, e implorou: “Por favor, por favor, não me deixe morrer! Eu não quero morrer!”

De sua casa no leste de Wyaoming, Andy foi levado e tratado em dois hospitais e depois transferido para a Clínica Mayo, onde conheceu o Dr. Mardini, cirurgião plástico especialista em reconstrução facial.

O jovem não podia falar, não tinha mandíbula ou nariz. Sua boca havia sido destruída e seus lábios quase não apareciam. Restaram apenas dois dentes e parte da visão do olho esquerdo.

Dr. Mardini e sua equipe removeram fragmentos ósseos e tecido mortos, aproximando os ossos faciais restantes com placas de titânio. Reconstruíram sua maxila a partir do osso e músculos do quadril e a mandíbula através do osso e pele transferidos de uma de suas pernas. As pálpebras destruídas pela explosão foram suturadas.

Após mais de 4 meses e cerca de 8 cirurgias, com o melhor tratamento disponível na época, Andy voltou para casa em Newcastle, Wyoming, onde passou a viver mais distante das pessoas por conta da sua aparência.

No cotidiano utilizava uma prótese de nariz, que caía conforme a movimentação. Cortava seus alimentos em pequenos pedaços para sugá-los, pois o orifício de sua boca era muito pequeno para uma colher.

“Você nunca aceita isso completamente. Em algum momento, você diz a si mesmo: ok, há algo mais que possamos fazer?” — disse Sandness.

Em 2012 Dr. Mardini o informou que a clínica Mayo lançaria um programa de transplante de face. Mesmo conhecendo os riscos e tendo pesquisado a fundo todo o processo, Andy queria participar:

“Quando você tem a aparência e a rotina que eu tinha, você pula em cima de qualquer esperança que apareça. Esta era a cirurgia que iria me levar de volta à normalidade.”

Durante mais de 3 anos a clínica precisou se preparar para obter a aprovação do programa de transplante de rosto. Já Sandness passou por uma rigorosa avaliação psiquiátrica.

O cirurgião e sua equipe dedicaram mais de 50 sábados para o seu preparo. Utilizaram imagens 3D e ferramentas de cirurgia virtual para programar os cortes ósseos, de modo que o rosto do doador se encaixasse perfeitamente em Andy. Praticaram utilizando cabeças de cadáveres realizando o transplante a ser reproduzido.

O nome de Andy Sandness foi adicionado à lista de espera da United Network for Oraganic Sharing em 2016. De acordo com o especialista, a expectativa era de que levariam cerca de 5 anos para encontrar o doador ideal. Este deveria ser um homem numa faixa etária de 10 anos próxima de Andy, com sangue, tecidos e tom de pele correspondentes.

Mas, 5 meses depois surgiu um doador. Um jovem de 21 anos, Calen “Rudy” Ross, que havia cometido suicídio.  Sua esposa, grávida de 8 meses, autorizou o transplante de órgãos e face, cumprindo o desejo do marido.

Fotografia, testes e um tomografia computadorizada confirmaram a compatibilidade entre os homens: “nós sentimos calafrios quando vimos quão próximo eles estavam na cor do cabelo, na pele — apenas no olhar geral. Poderia ser seu primo”.

Em 16 de junho de 2017, Andy e Rudy entraram no centro cirúrgico, onde seria realizado o Transplante de Rosto.

A cirurgia durou 56 horas e contou com uma equipe de 60 pessoas, entre cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e outros profissionais divididos em várias salas.

“Todo mundo entrou nessa conhecendo perfeitamente seu papel, sabendo o que esperar. Cada passo foi pensado mil vezes” —  conta o Dr. Mardini.

A preparação do rosto do doador e de Sandness levou cerca de 24 horas. O restante das 32 horas foram utilizadas reconstruindo o rosto de Andy. A equipe médica trabalhou através do revezamento dos profissionais.

Identificar ramos de nervos faciais em ambos os homens e estimulá-los com uma corrente elétrica para determinação de suas funções foi a parte mais delicada da cirurgia.  Ao fazer isso, os médicos garantem as transferências corretas para que Andy consiga sorrir e fechar os olhos naturalmente.

Após 3 semanas da cirurgia, Andy Sandness pôde ver seu novo rosto, e ficou muito feliz com o resultado que o Dr. Mardini e sua equipe conseguiram:

“Uma vez que você perde algo que você teve para sempre, você sabe o que é não tê-lo. E quando você tem uma chance de recuperá-lo, você nunca esquece — comemora ele. Andy ainda afirma: “a aparência é um “bônus” em relação a um nariz e uma boca que funcionam”.

Agora, aos 31 anos, Andy Sandness fica feliz em não chamar mais atenção na rua, e considera-se “mais um rosto na multidão”. Também comemora por poder comer bife e pizza, o que antes não era possível pelo tamanho de sua boca. Ao respirar e sentir cheiros novamente, Andy emociona-se.

Em outubro de 2017, Andy encontrou-se com a viúva de seu doador, Lily Ross que disse se sentir emocionada.

Lily, ainda em luto, mantém contato com os pacientes que receberam a doação de órgãos de seu falecido marido:

Eu mantive contato com o paciente que recebeu o fígado dele, eu sou amiga do homem que recebeu o coração dele no Facebook. Um rapaz ganhou um rim e o pâncreas, mas nós não tivemos notícias“, relembrou Lilly. “Eu sabia o que precisava ser feito e eu fiz o que precisava ser feito. É um processo longo e doloroso, mas vale a pena“.

À viúva, Andy Sandness assegurou que o presente dela não seria “desperdiçado”, o que a jovem agradeceu:  “Me enche de alegria saber que ele foi capaz de dar um pouco de si mesmo para ajudar na qualidade de vida de outras pessoas“, disse Lilly.

Em dezembro de 2017, Sandness passou por uma nova cirurgia de revisão para remover o excesso de pele em seu rosto e pescoço, e reconstruir o osso ao redor dos olhos.

Fonte: https://goo.gl/RCPRHr

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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