Dra. Marcela Scarpa

PREPARAÇÃO PARA CIRURGIA PODE INFLUENCIAR NO TABAGISMO AO LONGO PRAZO

Preparação Para Cirurgia Pode Influenciar No Tabagismo Ao Longo Prazo

O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Sempre que um paciente busca realizar algum tipo de procedimento estético, é natural que o especialista o questione sobre sua saúde em geral e aspectos da sua rotina diária como, por exemplo, o tabagismo.

O período de interrupção do tabagismo depende do porte cirúrgico e pode variar de 1 a 6 meses que o antecedem. Vale ressaltar que esse período ideal ainda é motivo de estudos e não há um consenso absoluto atual.

Cirurgia cosmética versus interrupção do tabagismo

Segundo um estudo apresentado pela Revista Médica American Society Of Plastic Surgeons, em 2017, muitos pacientes que receberam a recomendação para pararem de fumar antes de seus procedimentos estéticos abandonaram o vício ou, ao menos, diminuíram seu uso nos anos seguintes a cirurgia.

Para Aaron C. Van Slyke, um dos pesquisadores do tema pela Universidade de British Columbia, em Vancouver, os resultados mostram uma associação entre a cirurgia plástica e a diminuição do tabagismo a longo prazo:

“Os cirurgiões que solicitam a interrupção do vício para realizar a cirurgia, podem influenciar na diminuição do uso do tabaco a longo prazo.”

O estudo acompanhou 85 pacientes fumantes que se encontravam elegíveis à cirurgia estética. Como grande parte dos cirurgiões plásticos, o pesquisador Nicholas J. Carr, exigiu que todos os seus pacientes parassem de fumar antes da cirurgia, visto que essa interrupção ajudaria na diminuição de intercorrências durante o pós operatório.

Cinco anos após a realização da cirurgia, 47 pacientes responderam a uma pesquisa de acompanhamento – desses, 5 foram excluídos do estudo, pois foram considerados tabagistas sociais. A maioria eram mulheres com idade média de 40 anos e haviam realizado abdominoplastiamastopexia ou lifting facial.

Nessa pesquisa de acompanhamento, cerca de 40% dos pacientes responderam ter diminuído o consumo de tabaco, e não fumavam como antigamente. Aproximadamente 25% dos pacientes afirmaram ter abandonado completamente o vício desde o procedimento.  A maioria deles afirmou ter reduzido o consumo de cigarros em qualquer quantidade. 70% concordaram que discutir com o cirurgião plástico sobre os riscos cirúrgicos influenciou em sua decisão de parar ou reduzir o tabagismo.

É consideravelmente positivo observar que a maioria dos pacientes diminuiu o consumo diário de cigarros:

“Isso é consistente com pesquisas feitas anteriormente, que mostram que pacientes que procuram por procedimentos estéticos estão mais motivados a manter os hábitos saudáveis provocados pela mudança do estilo de vida.” – Dr. Van Slyke.

Os resultados sugerem que a maior motivação foi decorrente dos prejuízos cirúrgicos causados pelo cigarro, e não dos possíveis benefícios à saúde que essa interrupção poderia proporcionar. Os autores concluem:

“O diálogo entre o cirurgião plástico e o paciente durante a consulta de avaliação, é um momento único para auxiliar e dar assistência à interrupção do tabagismo. Essa decisão pode se manter mesmo após a realização da cirurgia estética.”

As consequências do tabagismo durante o pós operatório

Apesar dos resultados obtidos na pesquisa, 50% dos pacientes admitiram não terem seguido as instruções para evitar o uso de cigarros antes da cirurgia. Quase um quarto continuou fumando até o dia do procedimento. A partir disso, os pesquisadores perceberam uma taxa maior de complicações cirúrgicas nesse pacientes (Van Slyke e colegas não realizam testes para confirmar se os pacientes realmente pararam de fumar). A taxa de complicações durante o pós operatório foi maior em pacientes que mantiveram o hábito: 24% contra 14% (A diferença não foi estatisticamente significante). Complicações mais sérias ocorreram em dois pacientes – ambos não seguiram as recomendações.

Os tabagistas contam com um risco maior de desenvolver complicações durante e após o  procedimento cirúrgico, isso inclui a recuperação e a cicatrização pós operatória.

cigarro acelera a formação de radicais livres, responsáveis pela oxidação das células – o que, por fim, resulta no envelhecimento precoce. Isso ocorre pelo prejuízo do transporte de oxigênio pelo sangue, já que as toxinas presentes  promovem danos nos vasos capilares, obstruindo a circulação sanguínea periférica.

Referência: American Society Of Plastic Surgeons. Cosmetic Surgery May Help Patients Quit Smoking. 2017. Disponível em: <https://goo.gl/xa4QMX >

Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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