Sempre que um paciente busca realizar algum tipo de procedimento estético, é natural que o especialista o questione sobre sua saúde em geral e aspectos da sua rotina diária como, por exemplo, o tabagismo.
O período de interrupção do tabagismo depende do porte cirúrgico e pode variar de 1 a 6 meses que o antecedem. Vale ressaltar que esse período ideal ainda é motivo de estudos e não há um consenso absoluto atual.
Cirurgia cosmética versus interrupção do tabagismo
Segundo um estudo apresentado pela Revista Médica “American Society Of Plastic Surgeons”, em 2017, muitos pacientes que receberam a recomendação para pararem de fumar antes de seus procedimentos estéticos abandonaram o vício ou, ao menos, diminuíram seu uso nos anos seguintes a cirurgia.
Para Aaron C. Van Slyke, um dos pesquisadores do tema pela Universidade de British Columbia, em Vancouver, os resultados mostram uma associação entre a cirurgia plástica e a diminuição do tabagismo a longo prazo:
“Os cirurgiões que solicitam a interrupção do vício para realizar a cirurgia, podem influenciar na diminuição do uso do tabaco a longo prazo.”
O estudo acompanhou 85 pacientes fumantes que se encontravam elegíveis à cirurgia estética. Como grande parte dos cirurgiões plásticos, o pesquisador Nicholas J. Carr, exigiu que todos os seus pacientes parassem de fumar antes da cirurgia, visto que essa interrupção ajudaria na diminuição de intercorrências durante o pós operatório.
Cinco anos após a realização da cirurgia, 47 pacientes responderam a uma pesquisa de acompanhamento – desses, 5 foram excluídos do estudo, pois foram considerados tabagistas sociais. A maioria eram mulheres com idade média de 40 anos e haviam realizado abdominoplastia, mastopexia ou lifting facial.
Nessa pesquisa de acompanhamento, cerca de 40% dos pacientes responderam ter diminuído o consumo de tabaco, e não fumavam como antigamente. Aproximadamente 25% dos pacientes afirmaram ter abandonado completamente o vício desde o procedimento. A maioria deles afirmou ter reduzido o consumo de cigarros em qualquer quantidade. 70% concordaram que discutir com o cirurgião plástico sobre os riscos cirúrgicos influenciou em sua decisão de parar ou reduzir o tabagismo.
É consideravelmente positivo observar que a maioria dos pacientes diminuiu o consumo diário de cigarros:
“Isso é consistente com pesquisas feitas anteriormente, que mostram que pacientes que procuram por procedimentos estéticos estão mais motivados a manter os hábitos saudáveis provocados pela mudança do estilo de vida.” – Dr. Van Slyke.
Os resultados sugerem que a maior motivação foi decorrente dos prejuízos cirúrgicos causados pelo cigarro, e não dos possíveis benefícios à saúde que essa interrupção poderia proporcionar. Os autores concluem:
“O diálogo entre o cirurgião plástico e o paciente durante a consulta de avaliação, é um momento único para auxiliar e dar assistência à interrupção do tabagismo. Essa decisão pode se manter mesmo após a realização da cirurgia estética.”
As consequências do tabagismo durante o pós operatório
Apesar dos resultados obtidos na pesquisa, 50% dos pacientes admitiram não terem seguido as instruções para evitar o uso de cigarros antes da cirurgia. Quase um quarto continuou fumando até o dia do procedimento. A partir disso, os pesquisadores perceberam uma taxa maior de complicações cirúrgicas nesse pacientes (Van Slyke e colegas não realizam testes para confirmar se os pacientes realmente pararam de fumar). A taxa de complicações durante o pós operatório foi maior em pacientes que mantiveram o hábito: 24% contra 14% (A diferença não foi estatisticamente significante). Complicações mais sérias ocorreram em dois pacientes – ambos não seguiram as recomendações.
Os tabagistas contam com um risco maior de desenvolver complicações durante e após o procedimento cirúrgico, isso inclui a recuperação e a cicatrização pós operatória.
O cigarro acelera a formação de radicais livres, responsáveis pela oxidação das células – o que, por fim, resulta no envelhecimento precoce. Isso ocorre pelo prejuízo do transporte de oxigênio pelo sangue, já que as toxinas presentes promovem danos nos vasos capilares, obstruindo a circulação sanguínea periférica.