O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).
O lipedema é uma alteração crônica que se caracteriza pelo acúmulo, atípico, simétrico e anormal de gordura sob a pele, geralmente localizado nas pernas, nos quadris ou na parte superior dos braços.
Afeta essencialmente o sexo feminino e apresenta uma alta incidência, estimada em cerca de 11% das mulheres, sendo frequentemente sub diagnosticado.
Além do comprometimento estético, pode causar muitas complicações como irregularidades, infecção, dor e prejuízo de mobilidade.
A causa exata do lipedema ainda não é completamente compreendida, mas fatores metabólicos, genéticos e hormonais desempenham um papel significativo. O estrógeno (hormônio feminino) é um fator de contribuição para o seu desenvolvimento. Por esse motivo, momentos da vida da mulher em que há um aumento hormonal, como puberdade, gestação, uso de anticoncepcionais, tratamentos para engravidar e menopausa podem piorar o quadro ou serem gatilhos para seu desenvolvimento.
Além disso, estilo de vida que promove inflamação pode piorar o quadro existente.
O principal sintoma da doença inclui edema (inchaço) das pernas, que faz com que elas se alarguem dos tornozelos até os quadris, de forma desproporcional ao restante do corpo. Há também sensibilidade aumentada, dor e hematomas, prejudicando a mobilidade do paciente em casos graves.
É bilateral, com aumento simétrico de tecido gorduroso principalmente nas pernas e tornozelos, associado a uma tendência ao edema, que piora ao ficar em pé.
Não há exames de imagem ou laboratoriais suficientemente conclusivos para diagnosticar a doença, sendo este baseado nos sinais clínicos e sintomas.
Alguns exames complementares podem ser solicitados para comprovar a desproporção corporal, como a tomografia computadorizada, linfocintilografia, ressonância nuclear magnética, DEXA (composição corporal) e bioimpedância.
Observa-se notadamente que o linfedema é frequentemente associado ao lipedema, pois as células de gordura entumecidas podem bloquear os canais linfáticos, causando edema adicional.
É frequentemente acompanhada de outras doenças, como articulares, venosas, obesidade e transtornos psicossociais.
Não há cura identificada para o lipedema, entretanto, sua detecção e tratamento precoces podem reduzir os danos progressivos relacionados.
Esse tratamento é dividido em dois pilares, o conservador e o cirúrgico.
O tratamento conservador consiste em acompanhamento clínico e adoção de alguns cuidados, primordiais no controle dos sintomas. A diminuição do peso, associada a uma dieta controlada e à prática de exercícios físicos podem ajudar a reduzir a gordura não-lipedêmica e controlar a inflamação. Além disso, uso de meias de compressão associada à fisioterapia e drenagem linfática apresentam benefícios comprovados.
A lipoaspiração tem se mostrado uma opção segura para a diminuição da circunferência e melhora da aparência dos membros inferiores. É a única técnica comprovadamente eficaz de remoção de células de gordura doentes. Além disso, há melhora da dor, da movimentação, do edema e diminuição da fragilidade capilar, tendo impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.
O procedimento cirúrgico pode envolver múltiplas sessões, dependendo do grau da doença, realizadas a cada 5-6 meses. O volume aspirado deve obedecer aos limites de segurança calculados individualmente para cada paciente.
É importante ressaltar que a lipoaspiração não cura o lipedema, mas pode ajudar a controlar sua progressão e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente.
Por ter origens supostamente genéticas e hormonais, seu reaparecimento é possível. Portanto, o paciente não deve abandonar seu tratamento clínico tradicional.
Sim, é possível realizar a cirurgia mesmo estando acima do peso. No entanto, durante a lipoaspiração, não é possível separar a gordura doente da gordura saudável. Assim, em cirurgias realizadas com sobrepeso e considerando o volume máximo de segurança permitido para a lipoaspiração, pode ser que uma quantidade menor de tecido doente seja removida.
Sim, é frequente o uso de tecnologias intraoperatórias para retração de pele, como laser Diodo, Morpheusâ, Bodytiteâ e Renuvion. As tecnologias podem ser combinadas, com o objetivo de estimular a produção de colágeno e promover uma melhor retração da pele após a lipoaspiração.
A recuperação depende da região operada. De modo geral, em membros superiores, é recomendado o uso de malhas de compressão e fisioterapia especializada. Em membros inferiores, além das recomendações anteriores, são mantidos inicialmente orifícios de drenagem de líquidos acumulados, tratados durante as sessões com a fisioterapeuta. Além disso, botas de compressão pneumáticas são recomendadas durante o primeiro mês.
São também mandatórios o acompanhamento regular para monitorar a evolução do paciente, o uso correto das medicações prescritas e a não exposição solar por 6 meses a um ano da cirurgia.
O resultado final é visto 9 meses a um ano após o último procedimento realizado. Período em que houve a regressão do edema e a ação do uso das tecnologias para retração de pele podem ser percebidas. Se quiser ler o blog anterior sobre o assunto, clique aqui.