As rugas são inevitáveis e, embora algumas linhas possam ser até charmosas, a maioria de nós prefere mantê-las menos aparentes. Quando consideramos as rugas, geralmente pensamos nas linhas de expressão facial, mas nem todas aquelas presentes no rosto surgem da contração muscular.
As rugas convencionais geralmente são vincos horizontais ocasionadas por movimentos musculares repetitivos, como elevar as sobrancelhas. Já as rugas do sono (Sleep Lines) são diferentes, são linhas verticais ou oblíquas causadas pela pressão prolongada na lateral da face.
Numa face jovem, o enrugamento é passageiro e desaparece após o despertar. No entanto, elas podem tornar-se permanentes com o passar do tempo e a repetição.
Classificação das rugas
Existem escalas para a classificação das rugas que orientam o seu diagnóstico e tratamento.
Vários sistemas de classificação têm sido propostos com base nas diferenças histológicas e no seu mecanismo de desenvolvimento. Até hoje, as rugas do sono não foram reconhecidas em nenhum sistema de classificação.
A Escala de Pierard estabelece 4 categorias:
– Rugas atróficas: desenvolvem-se na pele exposta e não exposta, desaparecem com a tração da pele, mudam de orientação com a postura corporal e ocorrem devido a atrofia da matriz extracelular.
– Rugas elastóticas (processo degenerativo do tecido elástico): desenvolvem-se na pele exposta ao sol, exibem elastose (mancha) solar, tornam-se progressivamente permanentes e não desaparecem com tração perpendicular.
– Rugas de expressão: ocorrem pela contração do muscular e tornam-se permanentes pela repetição.
– Rugas gravitacionais: ocorrem pela flacidez da pele sob ação da gravidade.
As “rugas gravitacionais” de Pierard resultam do impacto das forças externas devido à gravidade da Terra. As forças de compressão, tensão e cisalhamento aplicadas no rosto durante o sono podem ter um impacto ainda maior sobre o desenvolvimento das rugas do que a gravidade.
Rugas do sono
O conceito de rugas do sono não é novo, e seu desenvolvimento já foi descrito pela posição e o tipo de superfície em que dormimos.
Durante o sono em decúbito lateral, a face está sujeita à forças mecânicas de cisalhamento, compressão e tração. A pele é esticada e puxada em todas as direções conforme as mudanças de posição. Essas forças tornam-se significativas quando consideramos a quantidade de tempo que passamos dormindo.
Durante o sono, uma área importante do rosto entra em contato com uma superfície antagônica, causando uma força de compressão contra ele. Essa compressão persiste até o momento em que a postura é alterada.
Com a idade, o número de mudanças de posição durante o sono diminui de 27 para 16 por noite. Consequentemente, o tempo gasto em cada posição aumenta conforme envelhecemos.
Essa força causa um posicionamento incomum da musculatura facial e na pele sobrejacente. O posicionamento repetitivo, consistente e persistente durante o sono provoca os vincos normalmente referidos como rugas do sono.
Estudos mostram que essas rugas são causadas principalmente por dormir em decúbito ventral (de bruços) ou lateral.
Como essas linhas não são causadas pela contração e relaxamento fisiológicos dos músculos faciais, elas não respondem ao tratamento com toxina botulínica.
As rugas do sono surgem como pequenos vincos superficiais perpendiculares ou oblíquos ao eixo de contração muscular e paralelos ao eixo de compressão da pele. À medida que a pele perde a elasticidade e enrijece, ela progride para vincos mais profundos que se tornam permanentes conforme a repetição.
Fatores como a genética, exposição ao sol, tabagismo e o desequilíbrio hormonal podem acelerar a formação e a gravidade das rugas.
As rugas do sono mais comuns são:
Linhas verticais ou oblíquas aparecem na região frontal (testa), sob os olhos, nas laterais do nariz, na região malar (bochechas) e no mento (queixo). Ao dormir preferencialmente de um lado, é possível notar a diferença no desenvolvimento dos vincos.
No corpo, eles aparecem mais notavelmente entre as mamas.
Uma análise, realizada pelo perfil @cosmedocs sobre a imagem do ator Anthony Hopkins, exemplifica as diferenças entre as rugas convencionais e as rugas do sono.
Como evitar?
Algumas recomendações diárias para evitar rugas do sono podem ir de hidratar-se bastante antes de dormir, usar cosméticos adequados que hidratem a pele ou tentar opções de travesseiros anti-rugas, especialmente projetados para minimizar o contato facial com a superfície do travesseiro.
Dormir de costas
Uma excelente opção é insistir em dormir com as costas apoiada sobre o colchão, evitando assim, o contato entre a face e o travesseiro.
No entanto, mudar a maneira de dormir, assim como qualquer hábito, não é tarefa fácil. Para alguns, dormir de costas (em decúbito dorsal) pode ser problemático, seja por excesso de peso ou por problemas respiratórios.
Travesseiro antirrugas
Estudos recentes testaram um travesseiro modificado e descobriu-se que, quando usado, ele diminui a aparência das rugas do sono pela manhã, o que pode se traduzir em menos linhas de sono ao longo do tempo.
PROCEDIMENTOS
As rugas do sono não são causadas pela contração muscular, e por isso, uma abordagem através do uso de preenchedores, bioestimulação da produção de colágeno, laserterapia, bem como a subcisão podem mostrar-se mais eficientes.
Os preenchedores dérmicos à base de ácido hialurónico (HA) podem ser bastante efetivos no tratamento das rugas do sono. Eles não apenas preenchem as rugas mecanicamente, como também promovem a estimulação fisiológica da síntese de colágeno e hidratam a região (já que são hidrofílicos), contribuindo para o espessamento da pele e a melhora de sua elasticidade.
Tratamentos combinados podem ser necessários para um resultado significativo, dependendo da extensão e da profundidade das rugas do sono.
Por isso, é importante manter-se alerta com a posição do sono e com os cuidados com a pele antes de dormir.