A reconstrução mamária é realizada a partir de técnicas desenvolvidas pela cirurgia plástica. Ela pode ser feita logo após a mastectomia (cirurgia para retirada de parte ou de toda a mama), em um mesmo tempo cirúrgico, ou ser adiada para um tempo tardio mais oportuno.
O que se espera numa reconstrução da mama?
Cada mulher tem uma experiência única que a levou até a mastectomia. Por isso, as condições da cirurgia e, por conseguinte, os resultados esperado, variam de paciente para paciente. Ainda assim, segundo a SBCP, quanto aos resultados, pode-se esperar os seguintes desfechos:
- É provável que a sensibilidade na mama reconstruída não seja a mesma
- Dependendo da técnica que for utilizada, podem ficar cicatrizes no local do corpo que for o doador do tecido (normalmente costas, glúteo ou abdômen)
- As cicatrizes na mama estarão visíveis após a mastectomia e mesmo após a reconstrução
De forma geral, o médico irá buscar uma restauração da mama em forma, tamanho e aparência. O objetivo é que fique o mais semelhante possível a como era antes da mastectomia. Quando o tratamento do câncer é realizado apenas em um lado, a outra mama pode ser operada para que um melhor resultado estético global seja alcançado. Pexia, redução ou aumento podem ser recomendados pelo médico, por exemplo.
Conhecendo as técnicas de reconstrução
De acordo com um estudo feito pelo Hospital Sírio Libanês, as mulheres que optaram pelo procedimento cirúrgico de reconstrução mamária apresentam-se mais satisfeitas do que aquelas que não o fizeram. O motivo é a evolução das técnicas atuais, que permitem resultados estéticos satisfatórios (embora distintos dos naturais) e que trazem, por conseguinte, benefícios à saúde mental e à forma como a mulher se vê.
Na hora de escolher a melhor técnica, o cirurgião levará alguns fatores em conta. A quantidade de pele retirada, o tamanho das mamas, a presença de cicatrizes prévias, a quantidade de tecido adiposo abdominal e a preferência do paciente são alguns deles.
A SBCP discrimina o procedimento cirúrgico em cinco etapas distintas, as quais são detalhadas abaixo. Lembrando que isso não indica que a paciente passará por todas elas, devendo essas ser individualizadas caso a caso.
- Retalhos: músculos, gordura e pele do paciente podem ser utilizados para a confecção da nova mama. O retalho pode ser usado para fornecer o volume necessário e reconstruir todo tecido (como é o caso do retalho de abdome) ou para fornecer tecido e músculo suficiente para a cobertura e sustentação de um implante mamário (como o retalho das costas).
- Expansão da pele saudável: essa alternativa serve como um preparo para a colocação de um implante mamário, quando não há pele suficiente para colocação da prótese.
- Cirurgia de colocação do implante: essa opção utiliza de implantes de silicone e serve como complementar ou alternativa às técnicas anteriores.
- Reconstrução do mamilo e da aréola: enxertos, retalhos locais e tatuagem servem para finalizar a cirurgia, simulando essa região. É feito em um tempo posterior, como etapa final da reconstrução.
Os tipos de cirurgia mais comuns para reconstrução mamária
Dentro das técnicas de retalho e de expansão, existem métodos distintos, sendo os três principais:
1. Retalho de Músculo Grande Dorsal (MGD)
Essa é uma das técnicas mais utilizadas em cirurgias de reconstrução mamária. A cicatriz costuma ficar sob a alça do sutiã, com uma extensão variável entre 15 a 25 cm no dorso da paciente (região destacada pela imagem).
Basicamente o médico irá retirar gordura, pele e músculo das costas (do mesmo músculo que dá origem ao nome da técnica) com a finalidade de dar cobertura e sustentação à prótese de mama.
O músculo e pele podem ser rodados e reposicionados através de um túnel na região do tórax lateral ou colocado livremente, através de uma microcirurgia.
2. Retalho Transverso do Músculo Reto Abdominal (TRAM)
Em 1982, alguns pesquisadores desenvolveram uma opção cirúrgica a partir do que ficou conhecido como retalho TRAM. Logo essa técnica se popularizou, sobretudo após os anos 1990.
Como demonstra a imagem, o músculo reto abdominal é utilizado para dar volume e repor tecido à mama retirada. O músculo pode ser rodado e reposicionado através de um túnel confeccionado no abdome superior ou colocado livremente, através de uma microcirurgia.
A prótese de mama não é necessária nessa técnica.
3. Prótese ou expansor
Outra alternativa é o uso de prótese ou expansor.
– Prótese de mama: utilizada quando há tecido suficiente para cobertura de toda a prótese. Não é necessário a troca da mesma precocemente caso não tenha maiores complicações ou contratempos
– Expansor tecidual: foi desenvolvido em 1982. Utilizado em situações em que não há tecido suficiente para colocação de uma prótese com volume adequado. É posicionado abaixo do músculo (como se fosse uma bexiga vazia). Durante o acompanhamento pós operatório, o expansor é preenchido gradualmente com soro fisiológico, expandindo o tecido, até que o volume programado seja atingido. O lado negativo é que exige volta constante ao consultório médico para novas avaliações e procedimentos. Existem dois tipos: expansores puros, que requerem a troca por uma prótese definitiva, e o implante expansor definitivo, que não necessita da cirurgia complementar ao término da expansão.
Vale a pena ressaltar que essas são as técnicas mais comumente utilizadas. Existem atualmente inúmeras outras descritas, que devem ser indicadas e individualizadas caso a caso.
Reconstrução mamária imediata ou tardia
Classifica-se também a cirurgia em função do momento em que ela é realizada. Neste sentido, é habitualmente chamada de imediata ou tardia.
- Imediata: realizada logo após a mastectomia. A paciente termina o procedimento da retirada da mama com a mesma já reconstruída. Procedimentos posteriores para pequenos ajustes ou simetrizações podem ser necessários.
- Tardia: a cirurgia para reconstrução é adiada para um tempo mais oportuno. Pode ser indicada por opção da paciente, problemas de saúde que interferem no tempo cirúrgico ou recuperação, e em tumores mais avançados, quando um tratamento pós-mastectomia é necessário.
Ao final, o mais importante é que a reconstrução mamária demonstra-se técnica efetiva para diminuir os efeitos físicos e psicológicos da mastectomia.
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