A Ptose Palpebral caracteriza-se pela dificuldade do paciente em realizar a abertura dos olhos de maneira adequada. A Ptose pode variar desde uma queda discreta até fechamento completo da pálpebra.
Além da pálpebra caída, outro sinal indicativo no exame físico pode ser o desalinhamento dos sulcos superiores.
As causas são categorizadas em congênitas ou adquiridas. É considerada congênita se presente ao nascimento ou diagnosticada no primeiro ano de vida. As adquiridas são ainda divididas em neurogênicas, mecânicas, traumáticas e miogênicas.
Ptose Palpebral Infantil
Nesta condição, o bebê nasce com ptose devido a um problema de desenvolvimento envolvendo o músculo responsável pela abertura da pálpebra (músculo levantador). Em aproximadamente 70% dos casos, a condição afeta apenas um olho.
Se a pálpebra encobrir parte do campo visual do bebê (ptose grave), a cirurgia reparadora deve ser feita para evitar a perda permanente da visão (ambliopia). Essa perda ocorre pela falta de estímulo suficiente para o desenvolvimento completo do campo visual.
Uma criança com Ptose Congênita pode inclinar a cabeça para trás, levantar o queixo ou levantar as sobrancelhas para tentar enxergar melhor. Com o tempo, esses movimentos podem prejudicar a postura e provocar complicações. Crianças com ptose apresentam maior incidência de ambliopia (em 14-23%), além de outros distúrbios do desenvolvimento, como miopia, astigmatismo, anisometropia, estrabismo e também torcicolo.
Ptose em adultos
Pacientes que não apresentam a condição desde o nascimento, apresentam a chamada Ptose Adquirida. Possui diversas causas, sendo as mais comuns listadas abaixo:
- Ptose Miogênica: causada por doença muscular local ou sistêmica (do corpo), como a miastenia gravis.
A miastenia gravis é um distúrbio raro que afeta a maneira como os músculos respondem aos impulsos nervosos. Pode causar fraqueza muscular progressiva, não apenas nas pálpebras, mas também nos músculos faciais, braços, pernas e outras partes do corpo.
O envelhecimento é a causa mais comum de ptose miogênica. Nesse tipo de ptose, os efeitos da gravidade e do envelhecimento causam o estiramento ou desinserção do músculo levantador. Embora geralmente acometa ambos os olhos, a ptose pode ser assimétrica ou unilateral.
- Ptose Neurogênica: como os músculos oculares são controlados pelos nervos, as condições que lesam o cérebro ou seus nervos cranianos podem causar ptose. Essas condições incluem acidente vascular, tumores e aneurisma cerebrais, além de danos relacionados ao diabetes, por exemplo.
- Ptose Traumática: causada, como o nome diz, por um trauma ou cirurgia local com lesão do músculo levantador da pálpebra.
- Ptose Mecânica: posição mais baixa da pálpebra por uma restrição local, como tumores ou cicatrizes. A função do músculo é normal.
Muitas vezes o paciente, de forma inconsciente, tenta compensar a ptose pela da contração da musculatura na fronte, levantando os supercílios e produzindo sulcos horizontais na testa.
Ainda há casos de Pseudoptose, que geralmente são confundidos com a ptose verdadeira. Podem ocorrer em qualquer idade, com mais frequência em pessoas acima de 50 anos. Causados por um excesso de pele que promove um aumento de peso nas pálpebras superiores, resultando assim na diminuição do campo visual superior e lateral. Essa, portanto, não é uma alteração de função propriamente dita, mas sim uma falsa percepção de dificuldade de abertura ocular provocada pela pele excedente.
Graus de Ptose Palpebral
É classificada como leve, moderada e grave:
- Ptose leve, quando a margem palpebral superior se encontra 2 a 4 mm abaixo do limbo corneano (parte superior da íris – parte colorida do olho)
- Ptose moderada, quando está 4 a 6 mm abaixo do limbo.
- Ptose grave, quando está com posicionamento 6 mm ou mais abaixo do limbo corneano (cobre a pupila).
Tratamentos
O tratamento depende do grau de ptose e da sua causa. As opções terapêuticas geralmente consistem no reparo ou fortalecimento do músculo levantador da pálpebra superior.
A suspensão frontal é o último recurso no seu tratamento. É realizada em graus severos quando a função do músculo levantador é pobre. Consiste na realização de uma conexão da pálpebra superior com o músculo frontal (da testa) do paciente, permitindo que a contração desta região auxilie na abertura do olho.
Em ptoses congênitas, a indicação de correção precoce existe, como dito acima, quando há obstrução do campo visual da criança, pelo risco de ambliopia. Em ptoses leves e moderadas, o tratamento pode ser realizado mais tardiamente.
Já o tratamento da pseudoptose é feito através da Elevação do Supercílio ou Blefaroplastia.