Você conhece o termo contratura capsular? Sabemos que as cirurgias plásticas, mesmo realizadas por cirurgiões conceituados, podem apresentar complicações durante ou após o processo cirúrgico. Além do profissional e da técnica cirúrgica, o corpo tem características únicas e próprias, sendo também responsável por determinar o sucesso de cada cirurgia.
No caso da contratura capsular, como o próprio termo sugere, existe a formação de uma espécie de “cápsula de proteção” em torno do implante.
A cápsula é considerado fenômeno normal durante a evolução de um pós operatório tardio de inclusão de prótese mamária. Ocorre como um mecanismo de defesa do organismo ao corpo estranho que ela representa. É um fenômeno natural, em que há deposição de tecido conjuntivo ao redor de materiais sintéticos. Essa ação de defesa do sistema imunológico produz uma espécie de cicatriz. É fácil assim compreender que, quanto mais intensa a resposta do organismo, maior a fibrose (cicatriz) local, e menor sua elasticidade.
A contratura capsular é sua complicação mais frequente, tendo incidência próximo a 70% em mulheres com implantes há mais de 20 anos, contra 5% em cirurgias realizadas há menos de 5 anos.
Segundo pesquisa realizada pela “American Society Of Plastic Surgeons” (Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos ) publicada em junho de 2018, uma a cada seis pacientes podem apresentar algum grau de contratura capsular, de maior ou menor intensidade.
É classificada em 4 graus, segundo Baker (cirurgião norte americano). Essa classificação é utilizada amplamente pelos cirurgiões plásticos ao redor do mundo:
- 1º grau (ou Baker I): a contratura capsular é assintomática. Não ocorre alteração de tamanho, forma ou textura dos seios, mantendo aparência natural e suave ao toque.
- 2º grau (ou Baker II): a paciente apresenta sintomas menores, como alterações ao toque ou sensibilidade discretos. Apesar disso, a aparência é normal.
- 3º grau (ou Baker III): os sintomas tornam-se mais proeminentes, e os seios tornam-se firmes ao toque e com aparência anormal (como assimetrias e deslocamentos).
- 4º grau (ou Baker IV): as alterações encontradas no grau 3 são mais proeminentes, acrescidos de dor e assimetria grave.
O que provoca a contratura capsular?
As principais causas descritas são:
- hematomas
- contaminação ou colonização do implante durante a cirurgia
- próteses muito antigas
- ruptura da prótese
- doenças auto-imunes
- idiopática (sem causa conhecida)
As duas primeiras são evitáveis e podem ser controladas, através de uma técnica cirúrgica apurada e seguimento adequado das recomendações pós operatórias pela paciente.
Como evitar e tratar a contratura capsular?
Existem algumas maneiras de reduzir o risco de desenvolver a contratura capsular, como:
- Triagem completa do paciente;
- Implante com tamanho adequado;
- Uso de implantes texturizados, ao invés de superfícies lisas;
- Implantação da prótese em plano submuscular (abaixo do musculo peitoral)
- Medidas profiláticas para infecção (uso de antibióticos pós operatório e medidas intra-operatórias)
- Revisão de sangramentos durante a cirurgia
- Massagem específica nos seios durante processo de cicatrização.
Qual o tratamento para contratura capsular?
De modo geral, contraturas nos graus I e II são passíveis de tratamento clínico com massagem, ultrassom ou medicação via oral (sempre sob orientação do seu médico).
Já contraturas em graus mais avançados, Baker III e IV, são de tratamento essencialmente cirúrgico. Este pode ser realizado pela retirada de total a ou parcial da cápsula (capsulectomia), por incisões relaxadoras realizadas no tecido cicatricial (capsulotomia) e/ou mudança do plano do implante. A troca do implante é geralmente recomendada.