Talvez a pergunta mais feita e ao mesmo tempo das mais difíceis de responder: o que nos faz felizes? É difícil encontrar alguém que nunca se perguntou ou discutiu sobre esse assunto.
Para especialistas dos Estados Unidos, entretanto, isto é objeto de estudo científico há mais de 70 anos. Esta pesquisa é conduzida por membros da Universidade de Harvard, uma das mais reconhecidas do mundo.
O atual diretor deste estudo é Robert Waldinger, que divide seu tempo entre ser psiquiatra e um sacerdote zen. Waldinger espalha seus ensinamentos e alguns dos resultados da investigação pelas diversas entrevistas por onde vai.
Metodologia da pesquisa
Por onde passa, o psiquiatra aborda igualmente alguns detalhes da condução da pesquisa. Eles dizem respeito, sobretudo, à metodologia.
Waldinger conta, por exemplo, que os participantes selecionados no ano de 1938 foram acompanhados durante todas as suas vidas. Depois deles, seus primogênitos continuaram a fazer parte do estudo.
Quem participa responde a alguns questionários para a avaliação dos especialistas. Durante todo esse tempo, essas pessoas falaram sobre suas vidas sociais, seus trabalhos e suas famílias.
De forma complementar, os pesquisadores são autorizados a utilizar igualmente os registros médicos daqueles que participam do estudo. Isso serve para analisar a saúde deles além do que falam. Isto é, ver não só o que é relatado pelos pacientes, como também o que os seus médicos e exames demonstram.
A importância dos relacionamentos
Segundo o psiquiatra, embora ao passar das décadas já tenham ouvido várias respostas, o que parece ser o essencial para responder essa pergunta é a qualidade nos relacionamentos. Quanto melhores eles forem, mais felizes e até mesmo saudáveis as pessoas tendem a ser.
Waldinger define um relacionamento de qualidade como sendo aquele em que a pessoa pode ser ela mesma, sem receios. Isso demonstra o quanto se sente segura, uma vez que vai ser aceito pelo outro sem ter de inventar alguém que não é.
Isto cria, de fato, uma conexão entre os que se relacionam. Quanto mais forte for esta conexão, mais haverá satisfação. Por conseguinte, não só a mente, mas o corpo também estará mais saudável.
A conectividade e, como resultado, também os relacionamentos, se fortalecem do mesmo modo. Isso acontece através da presença, de prestar mais atenção no outro.
Por outro lado, quanto mais fracos forem os relacionamentos, mais presente é o sentimento da solidão. Este é, claro, mais ligado à tristeza. A solução seria justamente o fortalecimento de laços com os outros.
Como melhorar nos relacionamentos
Engana-se quem pensa que Waldinger apenas fala sobre a condução desta pesquisa quase centenária. O psiquiatra dá também dicas para aqueles que desejam melhorar os seus relacionamentos e, dessa forma, tornarem-se mais felizes.
Segundo ele, o grande modo de testar se está no caminho certo é com uma simples pergunta. Quem está pensando nisso, deve questionar se as coisas as quais tem feito possuem algum significado para si. Se a resposta for positiva (ou seja, se tem valor), então está no caminho certo.
Diz ainda Waldinger que ser feliz a todo tempo é impossível. Todo mundo passa por momentos difíceis na vida. O importante é como cada um trata de se relacionar com os outros como um todo, não apenas em momentos específicos.
Além disso, também diz que fama e dinheiro não necessariamente trazem felicidade. Sobre a questão financeira, por exemplo, chega a afirmar que o estudo demonstra que ela só é importante para a felicidade até garantir um nível de vida o qual as necessidades estejam satisfeitas. Após isso, não faz diferença.
Em conclusão, o próprio Waldinger, que aliás possui um site onde conta suas experiências (http://robertwaldinger.com), fala sobre a sua própria vida. Ele garante que tenta se manter afastado de tentações modernas como as redes sociais ou a televisão. Tudo para estar presente em seus relacionamentos.