Dra. Marcela Scarpa – Cirurgiã Plástica


O conteúdo descrito abaixo não tem como objetivo substituir a consulta médica, tem caráter informativo destinado aos indivíduos que tenham algum interesse em Cirurgia Plástica. Procure sempre um Cirurgião Plástico habilitado e devidamente registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (http://www.cirurgiaplastica.org.br) e no Conselho Regional de Medicina de seu Estado (CRM).

Fig. 1

O que é uma cicatriz?

É um tecido fibroso que forma como reparo dos tecidos após uma lesão ou trauma. A cicatriz nunca terá aspecto igual ao tecido saudável, mas seu aspecto ideal é o mais discreto possível (fino e de coloração semelhante à pele).

Quais as alterações possíveis de uma cicatriz?

Uma cicatriz pode apresentar desde alterações sutis, como de coloração e pequenas irregularidades, que não causam desconforto ao paciente ou prejudicam a função local. Essas podem ser reparadas cirurgicamente ou com tratamentos locais. Já cicatrizes hipertróficas, deprimidas, quelóides ou contraturas, além de esteticamente impactantes, podem causar desconforto (como prurido ou dor) e prejudicar a movimentação da região acometida. Esses tipos de alterações necessitam um tratamento mais elaborado e, na maioria das vezes, cirúrgico ou combinado.

Qual a diferença entre quelóide, cicatriz hipertrófica e contratura?

Cicatrizes hipertróficas são aglomerados de fibrose elevados, tensos e restritos ao local da cicatrizarão (Figura 2). Não invadem a pele normal adjacente. Tendem a melhora espontânea ao longo dos meses.
Quelóides são maiores que as acima, sobrelevadas, ultrapassam a margem da cicatriz e podem apresentar sintomas como dor ou prurido associados (Figura 3). Não melhoram ao longo do tempo e requerem tratamento mais complexo, geralmente recidivando após sua excisão (retirada) simples.
Contraturas ocorrem geralmente em articulações e dobras, onde restringem o movimento devido a junção dos tecidos após a cicatrização. Mais comuns em queimaduras e acidentes mais graves.

Fig. 2

Fig. 3

Qual a evolução da cicatriz após um procedimento cirúrgico?

As cicatrizes passarão por vários períodos de evolução, como se segue:
• PERÍODO IMEDIATO: Vai até o 30º dia e apresenta-se com aspecto pouco visível. Alguns casos apresentam discreta reação aos pontos ou ao curativo.
• PERÍODO MEDIATO: Vai do 30º dia até o 12º mês. Neste período haverá espessamento natural da cicatriz, bem como mudança de sua cor. Este período é o menos favorável da evolução cicatricial. Como não podemos apressar o processo natural da cicatrização, recomendamos às pacientes que aguardem, pois o período tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
• PERÍODO TARDIO: Vai do 12º ao 18º mês. Neste período, a cicatriz começa a tornar-se mais clara e menos consistente. Atinge, assim, o seu aspecto definitivo. Qualquer avaliação do resultado definitivo da cicatriz deverá ser feita após este período. Raros casos ultrapassam este tempo para observar a maturação total.

Então qual o melhor momento para corrigir minha cicatriz?

Depende: cicatrizes inestéticas simples ou hipertróficas devem ser corrigidas após a maturação das mesmas, conforme visto em resposta acima. Já as contraturas, a indicação e o tempo variam de acordo com sua localização e gravidade. Os quelóides, que são alterações cicatriciais patológicas e tem piora progressiva, devem ter abordagem precoce, com indicação cirúrgica individualizada de acordo com a avaliação do seu cirurgião plástico.

Qual o tratamento para uma cicatriz inestética?

O tratamento de uma cicatriz inestética envolve uma série de procedimentos. Dentre as opções, temos a injeção local de corticóide, a realização de peelings ou a retirada cirúrgica da cicatriz. Esta última deverá ser realizada, idealmente, em fase ótima de maturação (com aproximadamente 12 a 18 meses de evolução).
A cicatriz hipertófica pode ser tratada com procedimentos ambulatoriais desde seu surgimento, com terapia compressiva (uso de malhas e placas de silicone), corticóide tópico (pomadas) ou intralesional (infiltração), podendo ou não associar a excisão cirúrgica (dependendo do caso e sua gravidade). Ressalta-se que o tratamento cirúrgico só é recomendado após o período tardio da cicatrização.
O quelóide é de difícil tratamento e recorrência frequente, tendo sua remoção cirúrgica isolada uma taxa de insucesso e recidiva próximo a 100%. O tratamento combinado com ressecção e infiltração intralesional com corticóide reduz a recorrência para menos de 50%, enquanto a cirurgia associada à radioterapia específica (betaterapia), diminui esse índice para 5%.
As contraturas são de tratamento cirúrgico em sua grande maioria e as técnicas variam de acordo com sua extensão e gravidade.

Quais fatores influenciam negativamente na cicatrização?

Os quelóides são mais prevalentes em negros e asiáticos (porém podem acometer todas as etnias), numa faixa etária entre 10 e 30 anos e em ambos os sexos. Tem predisposição genética e individual, não possuindo relação com a técnica cirúrgica utilzada. Geralmente comuns no tórax anterior, ombros, parte superior do dorso e lóbulo de orelha, mas podem ocorrer em qualquer região. A análise das cicatrizes prévias facilitará o prognóstico cicatricial, porém é impossível prever a ocorrência ou não este tipo de alteração.
As cicatrizes hipertróficas têm influências externas que predispõem seu surgimento, como técnica cirúrgica inadequada e complicações resultantes ao não seguimento de orientações pós-operatórias (com tensão cicatricial, deiscência da ferida e infecção local).
Cicatrizes escurecidas são de resolução mais difícil e tem como influência a exposição solar precoce e fatores individuais (peles mais escuras tem maior tendência a hipercromia).

Como será minha cirurgia?

A necessidade de realização em ambiente hospitalar, tempo cirúrgico, bem como o tipo de anestesia e recomendações pós-operatórias dependem da extensão da correção a ser realizada. São individualizadas e adaptadas de acordo com critérios clínicos de segurança para cada paciente.


Este texto é de autoria da Dra. Marcela Benetti Scarpa e toda e qualquer forma de reprodução e/ou veiculação somente será permitida mediante prévia autorização por escrito e com indicação de fonte, do contrário, poderá consistir em violação de direitos autorais, conforme a Lei 9.610/98, passível da adoção das medidas cíveis e criminais pertinentes. Para mais informações, acessem nossa Política de Proteção aos Direitos Autorais.

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