A criolipólise é o procedimento não invasivo mais popular no mundo, e com poucas complicações.
Seu uso foi aprovado pelo FDA em 2010, como tratamento de gordura localizada em flancos, coxas e abdome. Desde então, teve seu uso ampliado para áreas como joelhos, braços e dorso. Em 2015 o FDA expandiu sua utilização para o tratamento do submento (papada).
Estima-se que tenham sido realizados mais de 2 milhões desse procedimento até hoje. Sua popularidade e satisfação (com índice de 73%) resultam da segurança e efetividade para todos os tipos de pele, não existência de downtime (afastamento de atividades) e necessidade de apenas 1 sessão, no geral.
Para o tratamento no Brasil, deve ser utilizado um aparelho com registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e aplicadores específicos e adequados às diferentes áreas do corpo.
Sua ação se dá através da destruição das células de gordura, pelo resfriamento localizado e controlado do tecido adiposo subcutâneo.
A máquina promove uma sucção a vácuo, através de uma manta, posicionando o tecido entre 2 painéis. A região é resfriada a uma temperatura aproximada de -5oC a -10°C por, em média, 50 minutos. A gordura, que é mais sensível ao frio do que os demais tecidos, tem suas células (adipócitos) danificadas.
A gordura cristalizada induz uma resposta inflamatória local, resultando na sua eliminação natural pelo sistema imunológico e sistema linfático. Essa eliminação ocorre gradualmente, e mantém-se por 60 a 120 dias. Resultados finais podem ser vistos após esse período, com redução local que varia de 20 a 25%.
Efeitos colaterais comuns incluem eritema (vermelhidão), equimoses (roxos) e dormência que geralmente tem resolução em 14 dias. Complicações mais graves, como ulcerações ou sofrimento de pele, são incomuns (quando realizada com a técnica correta, claro). Porém, os relatos de hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), uma reação adversa rara e desafiadora, tem aumentado.
Pacientes acometidos pela HAP desenvolvem um aumento da massa de gordura na região, indolor e bem demarcado, 2 a 3 meses após o procedimento. Estudos histopatológicos do tecido subcutâneo mostram aumento no número de células adiposas e fibroses.
Não há resolução espontânea e ciclos adicionais de criolipólise agravam a condição. Sua causa exata é desconhecida.
O tratamento cirúrgico geralmente é necessário, e é melhor indicado após 6 a 9 meses da criolipólise, quando o local afetado encontra-se mais suave e amolecido.
Estudos demonstraram maior susceptibilidade no sexo masculino e com descendência hispânica.
Trabalhos publicados nas renomadas revistas científica Dermatologic Surgery (em 2017) e Plastic and Reconstructive Surgery (em 2018) demonstraram que, apesar de rara, sua incidência pode ser muito maior do que as registradas atualmente (dados atuais sugerem uma incidência de 1 caso para 4000 ciclos de tratamento, ou seja, 0,025%).
Por se tratar de uma ocorrência rara e pouco relatada em estudos, muitos profissionais desconhecem sua existência.
Procure sempre profissionais capacitados e de confiança!
Fontes:
– Kelly ME, Rodríguez-Feliz J, Torres C, Kelly E. Treatment of Paradoxical Adipose Hyperplasia following Cryolipolysis: A Single-Center Experience. Plast Reconstr Surg. 2018 Jul;142(1):17e-22e.
– Karcher C, Katz B, Sadick N. Paradoxical Hyperplasia Post Cryolipolysis and Management. Dermatol Surg. 2017 Mar;43(3):467-470.