Um estudo publicado pela revista médica da Sociedade Americana de Cirurgiões (ASPS), a Plastic and Reconstructive Surgery, comprovou que a abdominoplastia, apesar de ser considerada um procedimento estético, também auxilia no combate a dores e desconfortos presentes na vida de mulheres que estão no processo de pós-parto. Segundo o cirurgião plástico australiano Dr. Alastair Taylor: “A abdominoplastia tem um benefício funcional comprovado, além do benefício cosmético”.
O que é abdominoplastia? Quem pode recorrer ao procedimento?
O objetivo desta cirurgia está na remoção do excesso de gordura e pele na região inferior do abdomem, além de restaurar músculos afetados por fatores como: gravidez, sobrepeso e envelhecimento.
O procedimento visa proporcionar aos pacientes um abdômen com aparência esteticamente suave e firme. Saiba detalhes sobre a cirurgia no artigo: Abdominoplastia (plástica do abdome). Também falei sobre a diferença entre a abdominoplastia e miniabdominoplastia, clique para ler.
A abdominoplastia contribui na melhora de sintomas comuns no pós-parto
O estudo realizado por cirurgiões plásticos australianos e ingleses, investigou a incidência de dor lombar e incontinência urinária em mulheres no pós-parto antes e após abdominoplastia.
A partir de 09 centros cirúrgicos diferentes, o estudo acompanhou 214 mulheres com idade média de 42,1 anos e índice médio de massa corporal de 26,3 kg/m2. Elas responderam a um questionário antes e depois de realizar a cirurgia.
De acordo com as estatísticas cirúrgicas médias, as pacientes tiveram: 1.222 g de peso removido; 795 ml de volume de lipoaspiração; 4,5 cm de diástase de músculo corrigida.
A principal motivação apontada pelas pacientes era de restaurar a forma e a aparência abdominal prejudicada pela gravidez.
Para apurar a melhora dos sintomas após a cirurgia, os pesquisadores aplicaram um questionário após 6 semanas e, novamente, 6 meses depois da realização do procedimento.
Com resultados estatisticamente significativos, o estudo obteve os seguintes dados:
- O índice médio de incapacidade e dor lombar foi de 21,6% no pré-operatório (8,8% não apresentaram dor nas costas), reduzindo para 8% com 06 semanas e para 3,2% aos 06 meses de pós operatório.
- O índice médio do questionário de incontinência urinária no pré-operatório foi de 6,5 (27,5% dos pacientes avaliados não apresentaram incontinência), reduzindo para 1,6 com 06 semanas e mantendo em 1,6 aos 06 meses de pós operatório.
Dessa maneira, antes do procedimento 51% das pacientes sofriam de dores nas costas com índice de moderado a grave. Já a incontinência urinária era uma preocupação de 42.5% das entrevistadas. Durante o acompanhamento do estudo, ambos os problemas relatados mostraram melhorias positivas. Após 6 meses, somente 3,2% das mulheres submetidas ao estudo ainda possuíam dores moderadas nas costas. Enquanto que a incontinência urinária acometeu apenas 2% das pacientes.
Apenas o problema de dores nas costas levou mais tempo a ser solucionado, levando em média cerca de 6 semanas a 6 meses após a cirurgia para obter uma melhora significativa, em contraponto que, os casos de incontinência urinária levaram apenas 6 semanas.
Todas as técnicas de abdominoplastia produziram resultados semelhantes.
Os preditores pré-operatórios de dor nas costas foram índice de massa corporal superior a 25 kg/m2 e hérnia umbilical. Já os preditores de incontinência urinária foram idade superior a 40 anos e partos vaginais. Não houve preditores significativos de dor nas costas ou de incontinência urinária com 06 meses de pós-operatório.
De acordo com dados estatísticos publicados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, no Brasil foram realizadas mais de 133 mil abdominoplastias em 2016. Cerca de 30% dos procedimentos estéticos realizados no país correspondem às cirurgias de abdômen.
Um dos pesquisadores, o cirurgião Dr. Taylor ainda sugere que os planos de saúde deveriam reconhecer os benefícios funcionais do procedimento de abdominoplastia além dos ganhos cosméticos. Ele comenta que: “Ao reduzir os problemas de dor nas costas e incontinência, a abdominoplastia, com reparo do músculo reto abdominal, resulta numa melhor qualidade de vida às mulheres após a gestação”.
Esses benefícios resultam de uma reconstrução saudável e eficiente da região abdominal e pélvica.
Em entrevista para o site Plastic and Reconstructive Surgery o editor-chefe Rod J. Rohrich, MD, comenta que: “Os resultados demonstram que as abdominoplastias têm benefícios funcionais, além de cosméticos, particularmente na população pós-parto”, e em seguida adiciona: “Se você acabou de ter filhos, e ainda sofre com dores nas costas ou incontinência, a abdominoplastia pode ser considerada uma opção cirúrgica para o tratamento”.
É importante salientar, para as candidatas à cirurgia, que o estudo é pioneiro. As causas de lombalgia e incontinência urinária são múltiplas e devem sempre ser investigadas através dos respectivos especialistas. A abdominoplastia não é um tratamento consagrado para tais queixas atualmente. Ela pode ser considerada após afastadas as outras condições clínicas que não a fraqueza da musculatura abdominal e após ampla discussão multidisciplinar, tendo ciência dos objetivos e de suas limitações.